A Grécia denunciou a atitude hipócrita da Europa em relação às crianças refugiadas, afirmando que os países europeus recusam acolher os muitos menores não acompanhados que estão a viver em campos de acolhimento.
A denúncia foi feita pelo ministro grego para a Imigração, Yannis Mouzalas, que deu o exemplo das centenas de crianças não acompanhadas que estão a viver neste momento em Moria, na ilha grega de Lesbos, no mar Egeu.
“Em Moria, temos problemas com os refugiados menores não acompanhados. Pedimos à Europa que acolhesse alguns, mas não aconteceu”, lamentou Yannis Mouzalas, durante uma entrevista à agência noticiosa grega Ana, citada pelas agências internacionais.
Actualmente a viver no campo de Moria, e segundo números disponibilizados pelo ministério grego, estão 250 refugiados menores de idade não acompanhados por familiares. No campo estão também outros 68 menores, mas estes estão acompanhados por elementos da respectiva família.
Na segunda-feira, por ocasião do Natal, Yannis Mouzalas visitou o campo de acolhimento de refugiados de Moria, que é frequentemente criticado pelos ‘media’ gregos e internacionais por causa das condições precárias em que vivem os migrantes.
Entre os cinco campos de acolhimento que existem nas ilhas gregas no mar Egeu, o campo de Moria é o que está mais sobrelotado. Com uma capacidade para 2.300 pessoas, este campo na ilha de Lesbos é actualmente a casa de mais de 5.000 refugiados.
“É preciso que a Europa acabe com a sua hipocrisia. É fácil desempenhar o papel do acusador. O que é difícil é lidar com refugiados e migrantes sem entrar em conflito com os interesses das sociedades locais e é o que temos feito”, disse o ministro do governo helénico.
O frio e a chuva sentidos nos últimos meses têm deteriorado as condições do campo de Moria, onde alguns refugiados vivem em tendas.
Na mesma entrevista, Yannis Mouzalas assegurou que novos contentores vão ser instalados em breve para acolher os refugiados que ainda estão a viver em tendas.
A situação neste campo foi classificada recentemente como preocupante pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
“Famílias, bebés, pessoas com deficiência vivem em tendas não aquecidas”, disse na altura um representante do ACNUR, Boris Cheshirkov, que também manifestou preocupação por causa dos confrontos ocorridos com alguma frequência entre os residentes do campo.
Em 2016, o frio provocou a morte de três refugiados do campo de Moria.