O cabeça de lista do PS pelo Porto, Francisco Assis, manifestou-se hoje contra a convocação de uma manifestação anti-islâmica em Lisboa, no dia 3 de fevereiro, considerando-a uma afronta aos princípios e valores da ordem constitucional.
"Estamos perante uma clara afronta a princípios e valores que fundamentam a nossa ordem constitucional. Não pode haver a mais pequena tolerância para com os inimigos do Estado democrático de direito", sustentou Francisco Assis.
Na declaração que enviou à agência Lusa, Francisco Assis, dirigente socialista e atual presidente do Conselho Económico e Social, saudou também a posição hoje tomada pela ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes "em relação à indecorosa manifestação de cunho notoriamente racista que um grupo de vândalos da extrema-direita pretende levar a cabo".
A ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares afirmou hoje que é "frontalmente contra" a manifestação agendada para a zona do Martim Moniz, em Lisboa, para protestar "contra a islamização da Europa".
Sobre "a ideia de uma manifestação contra a islamização, que é assim que está anunciada e a ser verdade que ela se vai realizar [segundo o] que está nas redes sociais, devo dizer sou frontalmente contra qualquer manifestação que incite ao ódio e à violência. Portanto, por maioria de razão, sou contra essa manifestação", afirmou Ana Catarina Mendes.
"Qualquer manifestação que incite o ódio não merece o meu acordo", completou.
Hoje foi tornada pública uma carta aberta promovida por várias associações de imigrantes e antirracistas, com cerca de 6.500 subscritores, para pedir a proibição de uma manifestação "Contra a Islamização da Europa" anunciada para Lisboa por grupos "online" de extrema-direita.
"Movimentos de extrema-direita estão a organizar uma ação criminosa contra os imigrantes de origem asiática, que elegeram como alvo, para o dia 3 de fevereiro, em Lisboa, na zona do Martim Moniz e Rua do Benformoso, precisamente por serem as ruas com mais imigrantes do país, sobretudo de origem islâmica, reivindicando o fim da "islamização da Europa"", escrevem os autores da carta aberta que, ao final da manhã de hoje tinha cerca de 6.500 subscritores, entre os quais 173 estruturas coletivas.
"É manifesto que, nos últimos tempos, a comunidade de imigrantes em Portugal, em especial provenientes do sul da Ásia: Bangladesh, Nepal, Índia e Paquistão, tem sido objeto de uma campanha de desinformação e ódio, em especial nas redes sociais", pode ler-se no documento.
"As ruas de Portugal são cada vez menos seguras para as pessoas imigrantes", resumem os promotores.
Na quarta-feira, a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados salientou que qualquer manifestação que incite a xenofobia e o discurso de ódio racial deve ser proibida pelas autoridades, porque viola a legislação.
"Qualquer manifestação que incite ao ódio e à violência é uma manifestação que, obviamente, deve ser proibida", afirmou à Lusa Cristina Borges de Pinho.