A prestação do crédito à habitação vai subir entre 100 a 150 euros por mês, alerta a Deco Proteste. A associação de defesa do consumidor avisa as famílias que as dificuldades vão aumentar nos próximos tempos.
Os juros negativos acabaram e as prestações já começaram a subir. Com os preços imparáveis, é preciso responder com o aumento dos juros e, em Portugal, parte do ordenado é reservado para pagar a casa ao banco.
Os Estados tencionam travar a subida generalizada dos preços, que diminui o valor do dinheiro. Uma solução é subir os juros e muitos pedem ao Banco Central Europeu (BCE) que se apresse, mas uma subida rápida também pode ser contraproducente, segundo a Deco Proteste.
O economista Nuno Rico, da Deco Proteste, aponta para mais 25 pontos base, pelo menos, ainda este ano.
Mas mesmo sem uma decisão do BCE, a taxa Euribor já está há cinco meses a corrigir para valores positivos, o que é normal, acrescenta o economista. Anormal era remunerar créditos, sublinha.
Perante a tendência de subida dos juros, quanto é que as famílias vão pagar a mais? Num cenário mais conservador, segundo as simulações da Deco Proteste para a Renascença, em que a taxa de juros fica entre 1% e 1,5%, podemos estar a falar de mais 100 euros por mês, no espaço de um ano.
“Em média, no final do ano poderemos estar a falar de um valor perto de 100 euros acima na prestação mensal, porque as projeções indicam que no final do ano poderemos a estar a lidar com uma Euribor de 1% e, dentro de um ano, poderemos estar com uma Euribor de 1,5%”, indica Nuno Rico.
Se a Euribor chegar aos 2%, o aumento médio ultrapassa os 150 euros, para empréstimos entre 100 e 200 mil euros a 30 anos.
Prestação não sobe ao mesmo tempo para todos
A prestação não sobe ao mesmo tempo para todos nem aumenta todos os meses. É atualizada tendo em conta o tipo de Euribor contratada: a 3, 6 ou 12 meses, explica Nuno Rico.
Quem tem taxa fixa de crédito à habitação sabe que tem uma prestação constante e inalterada.
Esta é uma boa altura para passar de uma taxa variável para uma taxa fixa? Com os juros a aumentar, esta é a melhor altura para mudar para uma taxa fixa e pelo maior prazo possível, mas as taxas fixas têm pontos positivos e negativos, sublinha o economista da Deco Proteste.
“A taxa fixa é sempre um pouco mais alta do que a sua alternativa variável. Vou estar a pagar um valor superior que poderá ou não ser compensado pela evolução da taxa nos mercados. Contudo, se eu quero ficar mais descansado ou o orçamento familiar já está muito no limite, e eu quero garantir que não vou pagar mais do que aquele montante, poderá ser uma alternativa. Não esquecer que as taxas de juro fixas vão acompanhando também a evolução do mercado.”
A recomendação é que as famílias sejam pró-ativas, simulem o impacto da subida dos juros e avaliem alternativas: uma renegociação do crédito, o aumento do período de pagamento ou a alteração do tipo de taxa.
Nuno Rico avisa que o incumprimento vai aumentar e dá como exemplo o crédito ao consumo, que tem taxa fixa, mas é dos primeiros que deixam de ser pagos.
Um cenário de incumprimento generalizado, é o que devemos esperar com esta inflação seguido do aumento dos juros, segundo a Deco Proteste.
Simulações da Deco Proteste
( Euribor 6 Meses, com Spread de 1%)
100 mil euros a 30 anos
- Prestação média atual com Euribor a -0,144%: 315,07 €
- Prestação média com Euribor a 0%: 321,64 €
- Prestação média com Euribor a 1%: 369,62 €
- Prestação média com Euribor a 2%: 421,60 €
150 mil euros a 30 anos
- Prestação média atual com Euribor a -0,144%: 472,60 €
- Prestação média com Euribor a 0%: 482,46 €
- Prestação média com Euribor a 1%: 554,43 €
- Prestação média com Euribor a 2%: 632,41 €
- 200 mil euros a 30 anos
Prestação média atual com Euribor a -0,144%: 630,14 €
- Prestação média com Euribor a 0%: 643,28 €
- Prestação média com Euribor a 1%: 739,24 €
- Prestação média com Euribor a 2%: 843,21 €