Bispo de Viseu contra a retirada de crucifixos na câmara
22-02-2018 - 21:16
 • Liliana Carona

“Os símbolos de uma história não são de desprezar”, diz D. Ilídio Leandro, perante as ameaças da Associação República e Laicidade.

A Associação República e Laicidade deu dez dias aos municípios de Viseu, Lamego e Sernancelhe para retirarem os crucifixos existentes nos salões nobres, cumprindo desta forma, segundo a associação, com a constituição portuguesa que estabelece um princípio de separação entre o Estado e a Igreja. Mas ainda não obteve resposta positiva por parte destes municípios.

O bispo da diocese de Viseu mostra-se preocupado com esta situação e considera que os “símbolos de uma história não são de desprezar nem anular”.

Já em reunião de câmara, realizada em dezembro, o autarca de Viseu, Almeida Henriques deixava claro que o crucifixo era para manter no salão nobre da autarquia. “Eu respeito muito os valores cristãos da esmagadora maioria da população de Viseu. Enquanto for presidente da Câmara este símbolo do respeito pelos valores do cristianismo não deixará de ser espelhado através da manutenção do crucifixo na parede. Uma posição que assumi há quatro anos e vou continuar a assumir. Mal parece que uma oposição perca tempo com estas coisas”, sustentava o autarca na reunião do executivo camarário no dia 28 de dezembro de 2017.

A polémica continua, até porque a Associação República e Laicidade deu dez dias aos municípios de Viseu, Lamego e Sernancelhe para retirarem os crucifixos existentes nos salões nobres D. Ilídio Leandro, Bispo da diocese de Viseu defende os autarcas na manutenção do símbolo religioso. “De facto concordo com o presidente da câmara e com o anterior de Viseu que concordavam com o crucifixo no salão nobre da câmara. Concordo que permaneça neste país cristão, na maioria das pessoas que o constituem, e depois como o sinal de uma história do Portugal cristão, que está na raiz de todos as pessoas do mundo ocidental”, considera o prelado diocesano, ao mesmo tempo que realça que, “há muitas pessoas com outras opções religiosas, mas os símbolos de uma história, que vai construindo os povos, não são de desprezar nem anular”.

O bispo da diocese de Viseu acrescenta que ele próprio respeita os símbolos de outras religiões. “Respeito os símbolos não cristãos de qualquer grupo, confissão religiosa, mas naturalmente que posso pretender que os outros respeitem os símbolos cristãos que fazem parte da história do nosso povo”, defende. A proposta para retirar este objeto de culto partiu dos vereadores do PS no município de Viseu e foi apresentada durante uma reunião do executivo que decorreu em dezembro.