Onde para o Banco de Fomento? É, no fundo, a pergunta que o líder parlamentar do PSD coloca no São Bento à Sexta, após o anúncio dos apoios do Governo às empresas. O grosso dessas medidas "tem a ver com linhas de capitalização e financiamento" e Joaquim Miranda Sarmento acusa aquela instituição de estar "muito longe daquilo que o país e as empresas precisam".
O dirigente social-democrata considera que há uma "inoperância" do Banco de Fomento, cuja equipa está nomeada, mas "ainda não confirmada pelo Banco de Portugal" e tudo indica que "demorará algum tempo até implementar mudanças". Miranda Sarmento critica que "uma fatia muito significativa" dos apoios às empresas dependa de uma instituição "que até agora não tem respondido às necessidades".
Perante as críticas das oposições - da esquerda à direita - o líder parlamentar do PS considera "evidente que quem recebe indica que é pouco", mas ressalva que "na medida daquilo que podemos fazer no quadro do mercado interno é o que é possível".
Eurico Brilhante Dias salienta que há um cenário de incerteza e "que em função da evolução no futuro próximo" - a guerra na Ucrânia e os impactos na energia - estas medidas surgem como "aquilo que o Governo deve fazer" neste momento. Questionado se o Governo se está a guardar para mais tarde, Brilhante Dias corrige dizendo que "o Governo está a acompanhar para intervir também mais tarde".
O cenário de incerteza condiciona as opções quer do Governo, quer das oposições. Miranda Sarmento não tem dúvidas que que a situação difícil" que se vive vai "prolongar-se por algum tempo mais" e é preciso ir "avaliando a realidade a cada momento e de forma periódica", admitindo que as empresas possam precisar de mais apoios.
"Naturalmente, que se a situação dos preços da energia relativamente às indústrias se agravarem ou com este nível de preços, será provável que o Governo tenha de apresentar outras medidas ou alargar as que já existem", resume o líder da bancada do PSD, que espera que o executivo "seja proativo e bastante atempado nessas decisões".
PS e PSD dizem "não" à taxa sobre lucros da banca proposta pelo BE
A proposta de taxar os lucros extraordinários da banca como forma de apoiar as famílias com crédito à habitação foi avançada esta semana pela coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) , Catarina Martins, no programa Hora da Verdade da Renascença e jornal Público, mas, não colhe o apoio nem do PS, nem do PSD.
A iniciativa do BE será discutida no dia 6 de outubro no Parlamento, e Eurico Brilhante Dias aponta desde já a posição do PS: "O passado recente ensina-nos que intervenções no sistema bancário que sejam muito desequilibradas, são soluções que mais tarde pagamos".
O líder da bancada socialista dá, no fundo, a mesma resposta que já tinha dado nas jornadas parlamentares que se realizaram no início da semana em Leiria, quando questionado sobre uma eventual taxa aos lucros extraordinários das empresas. Brilhante Dias defende uma solução no quadro da União Europeia como forma de "mantermos algum equilíbrio", alertando que "devemos ter muita cautela".
Sem quaisquer rodeios sobre esta questão, Joaquim Miranda Sarmento diz que uma taxa deste tipo "não é para este sector, como entendemos que provavelmente não é para nenhum sector".
O líder parlamentar social-democrata alerta que os bancos "necessitam de robustez maior nos seus rácios de capital até porque não sabemos o que pode acontecer nos próximos dois, três anos com as imparidades relativamente aos créditos das famílias e das empresas".
A proposta bloquista é deitada por terra por um PSD que "por princípio" vê "com muita dificuldade a tributação de lucros extrardinários". Para Miranda Sarmento, uma solução destas para a banca surge como "ainda mais difícil".