Papa Francisco. “A Igreja não é um mercado nem um partido eclesial”
25-11-2020 - 11:30
 • Aura Miguel

Na habitual catequese das quartas feiras, Francisco afirma que, “se falta o Espírito Santo” a Igreja, haverá “uma bela associação humanitária, uma instituição de caridade ou até mesmo um partido eclesial, mas não Igreja”.

“É Deus quem faz a Igreja, não o clamor das obras”, disse, esta manhã, o Papa Francisco, na habitual catequese das quartas-feiras, transmitida da biblioteca do Palácio Apostólico.

“A Igreja não é um mercado; a Igreja não é um grupo de empresários que avança com um novo empreendimento. A Igreja é obra do Espírito Santo, que Jesus nos enviou para nos reunir”, disse Francisco.

Para explicar as quatro coordenadas fundamentais que definem a Igreja - pregação, eucaristia, comunidade e oração, Francisco denuncia certos desvios dentro da própria Igreja.

“Às vezes, sinto uma grande tristeza ao ver alguma comunidade que tem boa vontade mas segue o caminho errado, porque pensa que está a fazer a Igreja em reuniões, como se fosse um partido político, com maiorias, minorias, o que pensam disto, daquilo, como se fosse um caminho sinodal que se deve percorrer”, disse o Papa.

“Mas eu pergunto: onde está o Espírito Santo? Onde está a oração? Onde está o amor da comunidade? Onde está a eucaristia? Sem estas quatro coordenadas, a Igreja torna-se uma sociedade humana, um partido político, com maiorias e minorias, em que as mudanças são feitas como se fosse uma empresa... Mas não há Espírito Santo”, afirmou o Papa.

Preocupado com estas derivas, Francisco denunciou ainda que “se falta o Espírito, seremos uma bela associação humanitária, uma instituição de caridade ou até mesmo um partido eclesial, mas não há Igreja. É por isso que a Igreja não pode crescer. Ela não cresce por proselitismo, como qualquer empresa, cresce por atração. E quem a move por atração é o Espírito Santo”.

“Nunca esqueçamos estas palavras de Bento XVI: “A Igreja não cresce por proselitismo, mas por atração”. Se falta o Espírito Santo, que é quem atrai para Jesus, a Igreja não existe”. “Poderá ser um clube de amigos, cheio de boas intenções, mas não é Igreja, não há sinodalidade”, concluiu Francisco.

Nas saudações finais em várias línguas, o Papa convidou a entrar no Advento “acompanhados pela Mãe de Jesus, nestes tempos difíceis para muitos”, desejando que, a caminho do Natal, “saibamos reencontrar a grande esperança e alegria que nos são oferecidas na vinda do Filho de Deus”.