A especialista em bioética Ana Sofia Carvalho considera que "era desrespeitoso e inaceitável" aprovar a Lei da Eutanásia, em votação na especialidade, numa altura em que há atrasos nas urgências e noutros cuidados de saúde.
Ouvida esta noite pela Renascença, depois de mais um adiamento da votação da despenalização da morte medicamente assistida, a professora da Universidade do Porto refere que "é bom senso" não discutir o tema num momento tão delicado para a Saúde.
"Somos todos os dias bombardeados com notícias de atrasos, alguns deles urgentes como os atrasos das cirurgias oncológicas", realça.
Este novo adiamento, defendeu o líder parlamentar do PS Eurico Brilhante Dias, aconteceu porque foi necessário, citando algumas inconsistências no texto que levaram o partido maioritário a votar a favor do pedido do Chega. Tratou-se da remoção da alínea 5 do artigo 25.º do diploma em discussão.
À Renascença, Ana Sofia Carvalho diz que não se trata "de uma mudança de conteúdo, mas uma mudança de pormenores".
A especialista considera ainda que o diploma que está atualmente no Parlamento "não responde a nenhuma das preocupações" colocadas pelos vetos anteriores de Marcelo Rebelo de Sousa.
"Se o Presidente da República reforça que o país não está preparado para aplicar uma Eutanásia para lá de doentes incuráveis, esta lei agrava em absoluto. De alguma forma, contraria o entendimento do Presidente e do Tribunal Constitucional", conclui.