Insatisfeitos com a demora na entrega de apoios ao setor, os agricultores iniciam esta quinta-feira uma série de protestos contra o Governo.
A primeira manifestação acontece em Mirandela, um protesto que mobilizou hoje mais de três mil agricultores e mais de 70 associações/estruturas agrícolas, apoiados por mais de 150 tratores.
Ao longo da manhã, os manifestantes percorreram cerca de um quilómetro desde a Reginorte até à Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte. Invocando o que dizem ser a "inércia" do Ministério da Agricultura e o atraso no pagamento dos apoios aos agricultores, contestaram o encerramento das direções regionais e exigiram a demissão da ministra, Maria do Céu Antunes.
À Renascença, Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), realça a "incompetência constante" do Ministério da Agricultura na coordenação dos apoios para mitigar os efeitos da seca e da guerra na Ucrânia no setor.
"Há um crédito de 1.300 milhões de euros que não tem chegado aos agricultores."
O dirigente da CAP aponta que a ministra Maria do Céu Antunes, "que é uma autarca", quer colocar a política agrícola a cargo das autarquias e Centros de Coordenação e Desenvolvimento Regional, o que "não tem lógica nenhuma".
"Vai contra o espírito da própria União Europeia. O território tem de ser administrado como um todo", sublinha.
Oliveira e Sousa lamenta que "já esteja a haver abandono do território face à ineficácia da aplicação das ajudas". O Programa de Desenvolvimento Rural "não está a funcionar em condições" e os "agricultores estão a abandonar a atividade".
"Corremos o sério risco de ter de devolver dinheiro a Bruxelas, dando a ideia de que o país não precisa de ajudas, que é um país de ricos."
Para o presidente da CAP, a única solução é a saída da ministra da Agricultura, que "muito provavelmente nunca se demitirá". "Não lhe reconhecemos competência para desencadear todos os programas de apoio à agricultura, que estão na base da própria Política Agrícola Comum", enfatiza.
A Confederação dos Agricultores de Portugal diz já ter enviado ao primeiro-ministro, António Costa, toda a documentação a alertar para os problemas no setor.
Contudo, e na falta de resposta, saí à rua esta quinta-feira. Os protestos começam em Mirandela e, nas próximas semanas, estendem-se a Castelo Branco, Portalegre e Torres Vedras.
[notícia atualizada às 13h00 de 26 de janeiro de 2023]