Os Estados Unidos confirmaram esta quinta-feira que um drone, pequeno avião não tripulado, da Marinha americana foi abatido pelo Irão. Segundo um comunicado do Pentágono, o drone de vigilância da Marinha americana foi abatido quando se encontrava em “espaço aéreo internacional”.
De acordo com os responsáveis pela Defesa americana, “as informações iranianas segundo as quais o engenho aéreo sobrevoava o Irão são falsas”.
O comunicado refere que o “drone de vigilância marítima RQ-4A Global Hawk”, fabricado pela empresa norte-americana Northrop Grumman, foi “abatido”, esta madrugada, “por um sistema antiaéreo de mísseis terra-ar iraniano, quando operava em espaço aéreo internacional, sobre o estreito de Ormuz”. Portanto, consideram, a reação do Irão foi “injustificada”.
Os Guardas da Revolução iranianos anunciaram hoje terem abatido um drone americano, alegando que este estava a violar o espaço aéreo iraniano no Sul do país. De acordo com a Press TV, o canal de informação em inglês da televisão estatal iraniana, o drone "foi abatido pela força aérea" iraniana, na província costeira de Hormozgan. A televisão estatal não forneceu, contudo, imagens do drone abatido.
O comandante dos Guardas da Revolução, general Qassem Soleimani, disse que o Irão “não tem qualquer intenção” de entrar em conflito com outra nação do mundo, mas garantiu que o país “está pronto para a guerra”.
Entretanto, no Twitter, o Presidente americano, Donald Trump, reagiu ao abate do drone e, numa curta mensagem na rede social, afirmou somente que o Irão “cometeu um erro muito grande”.
Este incidente ocorre num contexto de crescente tensão entre o Irão e os Estados Unidos e depois de, na passada quinta-feira, dois petroleiros, um norueguês e um japonês, terem sido alvo de ataques no estreito de Ormuz. O Irão negou qualquer envolvimento nos ataques e sugeriu que podia tratar-se de um golpe dos EUA para justificar o uso da força contra a república islâmica.
Na segunda-feira, os países-membros da União Europeia mostraram-se prudentes na atribuição de responsabilidades sobre os ataques no golfo de Omã, recusando-se a alinhar nas culpas atribuídas a Teerão por Estados Unidos, Reino Unido e Arábia Saudita, rival regional do Irão. A Alta Representante para a Política Externa e de Segurança Comum da UE, Federica Mogherini, admitiu a preocupação do bloco “com o risco de derrapagem" nas relações entre EUA e Irão.
O diferendo entre os Estados Unidos e o Irão é longo e a crispação está a aumentar desde que o Presidente Donald Trump retirou os Estados Unidos, há um ano, do acordo nuclear internacional assinado, em 2015, entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança – Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China –, mais a Alemanha, e o Irão, restaurando sanções devastadoras para a economia iraniana.
Rússia avisa EUA para consequências do uso da força contra Irão
O Presidente russo, Vladimir Putin, comentou hoje o caso do drone americano abatido pela força aérea iraniana, avisando os Estados Unidos para as consequências do uso da força contra o Irão. Na habitual sessão televisiva anual, em que responde a perguntas do público em direto, Putin disse que uma intervenção militar dos EUA contra o Irão desencadearia uma escalada nas hostilidades, com resultados imprevisíveis.
Para Putin, tal significaria, “no mínimo, uma catástrofe para a região”. O Presidente russo destacou ainda que o Irão aguentou os termos do acordo nuclear, apesar da retirada unilateral dos Estados Unidos, considerando que as sanções americanas contra Teerão são infundadas.
Hoje, na já referida sessão televisiva, o Presidente russo disse ainda estar disponível para se reunir com Donald Trump, ainda que frisando não acreditar num aliviar da tensão entre Moscovo e Washington. Trump já disse que se reunirá com Putin à margem do encontro do G-20 em Osaca, Japão, na próxima semana, mas ainda não pediu formalmente um encontro.
“O diálogo é sempre bom e necessário”, comentou Putin. “Se a parte Americana mostrar interesse nisso, estamos naturalmente disponíveis para o diálogo, tanto quanto estejam os nossos parceiros”, acrescentou.
Rússia e Estados Unidos devem focar-se no controlo de armas, defendeu Putin, antecipando que, à aproximação das eleições presidenciais americanas, as relações entre as duas potências “não serão fáceis”. Refutando as acusações de interferência russa para favorecer a eleição de Donald Trump nas últimas eleições americanas, em 2016, Putin reconheceu, ao contrário, que a reeleição do atual presidente dos EUA tornará o aliviar da tensão entre os dois países menos provável.