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Os recém-nascidos vão passar a ser vacinados contra o vírus sincicial respiratório (VSR), a partir de outubro, indica a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, em entrevista ao programa Hora da Verdade, da Renascença e jornal Público.
O anticorpo monoclonal - de toma única - previne o VSR, que é a causa mais comum de infeções respiratórias do trato inferior em crianças com menos de um ano de idade.
A medida faz parte do plano de emergência do Governo, na sequência de uma recomendação da Direção-Geral da Saúde (DGS) e foi confirmada à Renascença pela ministra da saúde, Ana Paula Martins, em entrevista ao programa Hora da Verdade.
O presidente do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos aplaude a medida. Ricardo Costa diz que o anticorpo monoclonal, que até agora era dado apenas aos bebés de risco (grandes prematuros e com cardiopatias), não só previne a infeção como reduz a sua gravidade.
“O anticorpo monoclonal reduz, de facto, a incidência do VSR nessas crianças, mas mais importante que a incidência de infeção é que reduz a gravidade da infeção, ou seja, o tempo de internamento e o consumo de oxigénio suplementar que essas crianças precisam reduz de uma forma substancial. Ou seja, reduz o tempo de internamento, a gravidade do internamento e tudo isso tem benefícios não só para as famílias mas também para a comunidade, em geral, e para os gastos em saúde.”
Para Ricardo Costa, esta prevenção pode evitar muitos internamentos, incluindo em unidades de cuidados intensivos.
“Vai prevenir uma das situações que é a causa mais comum de internamento das nossas crianças abaixo dos dois anos nos serviços de internamento pediatria, que são as bronquiolites VSR. Infeções que podem levar à ocupação das unidades de cuidados intensivos por necessidade de terapia intensiva, nomeadamente ventilação, com um risco claro de todas essas complicações para esse recém-nascido.”
Na Região Autónoma da Madeira os recém-nascidos começaram a receber este medicamento no ano passado nas maternidades, num projeto-piloto. O pediatra espera que o exemplo seja seguido no continente para garantir que chega ao maior número possível de bebés, mas alerta para a necessidade de acautelar também os nascimentos nos hospitais privados.
“Temos que ter também esse cuidado, porque em Portugal temos um nicho bastante grande de crianças que nascem fora do SNS e esses bebés têm direito, de facto, a fazê-las também. Se não conseguirem fazer na maternidade desse hospital devem efetuá-la na primeira visita ao centro de saúde, aos cuidados de saúde primários. E deve ser administrada o mais rapidamente possível porque nós sabemos que a probabilidade de contágio, nessa altura, é muito grande porque o VSR anda nas secreções respiratórias dos nossos meninos que já andam nos infantários e nas creches”, diz o presidente do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos.
Este anticorpo monoclonal é dado na forma de injeção e, como acontece com as vacinas, necessita de autorização dos pais.