O governo do Reino Unido foi acusado de ter "evitado ativamente" investigar uma eventual interferência russa durante o referendo sobre o "Brexit".
Segundo o relatório da comissão de inteligência e segurança do Parlamento britânico, que foi concluído em Março de 2019, mas só agora veio a público, o governo britânico não agiu, apesar das evidências de interferência no referendo da independência da Escócia.
O relatório de 55 páginas da Comissão Parlamentar de Informação e Segurança era aguardado devido às suspeitas de possível interferência russa na política britânica, em particular na campanha do referendo de 2016 sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).
O relatório reconhece existir suspeitas do efeito da propaganda pró-Brexit ou anti-UE da estação de televisão russa RT e do site Sputnik, e o uso de 'bots' [aplicação de software que simula ações humanas repetidas várias vezes de maneira padrão] e 'trolls' [pessoas usadas para provocar e desestabilizar uma discussão] nas redes sociais, mas afirma que "o impacto real de tais tentativas no resultado em si seria difícil - se não impossível - de provar".
Relatório mostra "russofobia", diz ministro russo
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia apelidou o relatório britânico de "russofobia esculpida com falsidades".
"A Rússia nunca interveio nos processos eleitorais de nenhum país: nem nos Estados Unidos, nem no Reino Unido, nem em nenhum outro país", disse, esta terça-feira, Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, em declarações aos jornalistas.
O gabinete do primeiro-ministro, Boris Johnson, negou a alegação de que "subestimou muito" a ameaça da Rússia.
A investigação desta comissão abrange vários tópicos, incluindo campanhas de desinformação, táticas cibernéticas e expatriados russos no Reino Unido - dizendo que o Reino Unido era um dos "principais alvos ocidentais" para a inteligência Rússia, atrás apenas das Nações Unidas e dos EUA.
No entanto, muitos dos detalhes "altamente sensíveis" não foram publicados no relatório, devido ao receio de que a Rússia usasse as informações para ameaçar o Reino Unido.