Os madeirenses têm estado desde manhã numa ‘correria’ aos postos de testagem à covid-19 da cidade do Funchal, depois do presidente do Governo Regional ter anunciado a obrigatoriedade de apresentação de teste na maior parte dos locais públicos e privados.
Cerca das 12h30, algumas centenas de pessoas faziam fila em frente aos vários postos de testagem das farmácias do centro do Funchal, o maior e principal município da região. Também as farmácias registavam uma afluência superior ao habitual, pois eram muitos os que lá iam para fazer a marcação de um teste antigénio.
O movimento regista-se um dia depois de o chefe do executivo regional (PSD/CDS-PP), o social-democrata Miguel Albuquerque, ter determinado a obrigatoriedade, a partir deste sábado (dia 20), de apresentação cumulativa de certificado de vacinação e teste antigénio para frequentar a maioria dos recintos públicos e privados, face ao aumento do número de casos de covid-19.
“Eu acho a medida correta, mas tomada em cima da hora”, afirmou à Lusa o jovem Marcos, que se encontrava há uma hora na fila de um dos postos de testagem, acrescentando que pediu um dia de folga para ser testado.
Ao lado de Marcos, Francisca concordou que a decisão foi tomada com pouco tempo para as pessoas e as farmácias se adaptarem, numa altura em que o Governo Regional ainda não tinha anunciado o “período de aplicação transitório” da medida até à meia-noite de 27 de novembro.
Numa nota entretanto enviada pelo executivo, é explicado que, até ao dia 27 (sábado da próxima semana), será solicitado aos cidadãos apenas “a apresentação do certificado de vacinação ou do teste rápido antigénio” nos locais onde, depois dessa data, passarão a ser necessários os dois documentos. A medida, enuncia, aplica-se a setores ligados ao desporto, restaurantes, cabeleireiros, ginásios, bares e discotecas, eventos culturais, cinemas, atividades noturnas, jogos, casinos e outras atividades sociais similares.
Num outro posto de testagem, Gracinda, na fila para ser testada, salientou à Lusa que concorda com as novas medidas de mitigação da transmissão da doença.
“Eu concordo e acho que está a ser muito bem feito. Se não, qualquer dia ficamos todos dentro de casa, vacinados e não vacinados”, argumentou.
Neste posto de testagem à covid-19, na Avenida Arriaga, as pessoas estavam divididas em duas filas, uma dedicada a quem tinha marcação e outra para quem não tinha.
No entanto, nem todas as farmácias do Funchal estão a conseguir garantir a testagem a quem não agendou, sendo que algumas têm as vagas esgotadas para os próximos dias.
Em frente ao edifício do município, num outro local de testagem, os testes acabaram antes das 13h00. “Só a partir das 15h00 e com marcação”, esclarecia uma responsável.
“Menina, posso fazer o teste sem marcação?”, interpelava outra cidadã uma farmacêutica que circulava na rua, questão à qual respondeu: “Não lhe consigo garantir”.
Questionado pela agência Lusa, o diretor técnico da farmácia Avenida, Luís Cortez, sublinhou que, “em relação ao que era o normal nas semanas passadas, tem havido um aumento bastante acentuado do número de testes” à covid-19.
“O que vai ao encontro do pretendido pelo setor da saúde da região”, referiu, embora admitindo que está a ser criado “mais um desafio” que tem “tentado ultrapassar com a maior competência possível”.
“Já tivemos também picos anteriores em que tivemos a mesma necessidade de duplicação de testes e agimos da mesma forma, com naturalidade”, relatou.
Também em declarações à Lusa, o farmacêutico Paulo Sousa revelou que está a criar o serviço de testagem em duas farmácias de que é responsável e onde não são realizados ainda testes à covid-19.
“Estamos a criar, uma vez que é uma necessidade premente das pessoas”, afirmou, precisando que o processo deverá demorar cerca de uma semana. O farmacêutico realçou ainda que durante a manhã registou uma “procura enorme” pelos testes, tanto telefonicamente como por parte de utentes que se deslocaram à farmácia.
Apesar da elevada taxa de vacinação, a Madeira tem registado, nas últimas semanas, uma média diária superior a 50 novos casos de infeção e também um aumento do número de mortes associados à doença, que é atualmente de 84.
Segundo o executivo, mesmo depois do período de transição, apenas será exigido um dos comprovativos (vacinação ou teste) nos supermercados e mercearias, transportes públicos, farmácias e clínicas, igrejas e outros locais de culto, atos urgentes relativos à Justiça e outros serviços essenciais.