No último ano o Estado português perdeu 70 milhões com o tabaco ilegal. As contas são da consultora KPMG, num estudo sobre o consumo e o fluxo de cigarros ilícitos em 30 países europeus - os 27 Estados-membros e o Reino Unido, Noruega e Suíça.
Segundo este trabalho, apesar das perdas fiscais avultadas, no ano anterior tinha sido pior (uma perda de mais 27 milhões). O consumo de cigarros ilícitos em Portugal caiu durante a pandemia, de 5,6% em 2019 para 4,6% em 2020.
Já o mercado europeu registou um comportamento diferente. Apesar do consumo total de cigarros ter continuado a diminuir, o consumo de tabaco ilícito aumentou 0,5 pontos percentuais, para 7,8% do consumo total em 2020. No último ano, foram consumidos nos 27 Estados-membros 34,2 mil milhões de cigarros.
Este estudo aponta para um aumento "sem precedentes" dos cigarros ilegais, na ordem dos 87%, que inclui contrabando, contrafação e as "marcas brancas" ilícitas. No total, os países da União Europeia perderam cerca de 8.5 mil milhões de euros em receitas fiscais.
A pandemia diminuiu o consumo
Apesar de estarem confinados em casa e, muitas vezes, denunciarem situações de stress e a chamada fadiga pandémica, este estudo conclui que o consumo total de cigarros recuou 4,7% no ano passado, para 438,8 mil milhões de cigarros na UE-27. No consumo não doméstico a descida ainda é maior, ronda os 18,5% em 2020 (11,9 mil milhões de cigarros).
O consumo das "marcas brancas" ilícitas e cigarros de contrabando também tem descido nos últimos anos, mas foi "mais do que compensado por um aumento da contrafação, que quase duplicou em 2020". Já representa 10,3 mil milhões de cigarros falsos, em comparação com os 5,5 mil milhões no ano anterior.
Esta subida é justificada com o "aumento sem precedentes", de 609%, no consumo de cigarros contrafeitos em França, que passou a consumir seis mil milhões de cigarros falsos.
Segundo as autoridades policiais, citadas neste estudo, "uma grande proporção de 'marcas brancas' ilícitas e cigarros contrafeitos são produzidos em fábricas ilegais dentro da UE", estão a aumentar as operações policiais a fábricas ilegais de cigarros em vários países europeus.
Este estudo anual independente foi realizado pela consultora KPMG para a Philip Morris International e divulgado em Portugal pela Tabaqueira, subsidiária do grupo.