O presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, defendeu esta quinta-feira que a solução encontrada para a governação da cidade "não é uma geringonça, mas um acordo formal", e deixou a porta aberta para entendimentos com o PCP.
O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda formalizaram esta sexta-feira um acordo para a governação da cidade, que atribui os pelouros da Educação, Saúde, Direitos Sociais e Cidadania ao vereador bloquista Ricardo Robles, e prevê mil novas vagas em creches, 14 centros de saúde, salas de consumo assistido e 250 novos autocarros da Carris.
Questionado pelos jornalistas após a assinatura do acordo, Fernando Medina elencou que a "solução encontrada não é uma geringonça, é um acordo político formal, com a assunção de responsabilidades executivas, com o Bloco de Esquerda no executivo da câmara e com um acordo sólido sobre políticas" a executar.
Este acordo estabelece também prioridades para áreas sobre as quais Robles não terá responsabilidade directa e "vai fazer alterações ao programa de governação da Câmara, que vai ser adaptado em função deste acordo", acrescentou Medina.
O socialista Fernando Medina foi eleito no dia 1 de Outubro presidente da Câmara de Lisboa, com 42,02% dos votos, mas perdeu a maioria absoluta na capital, ficando com menos três vereadores do que em 2013. O PS alcançou assim oito vereadores, menos um do que os necessários para a maioria absoluta. O BE conseguiu um mandato e a CDU (PCP/PEV) manteve os dois que já tinha.
Questionado sobre a ausência do PCP neste acordo, o presidente da Câmara afirmou ter sido "desde o início claro sobre um programa de acordo à esquerda e que gostaria de o fazer também com o Partido Comunista". Porém, os comunistas entenderam "não o fazer nesta fase".
"Este não é um acordo contra ninguém e as portas para o entendimento com o Partido Comunista estão abertas, sempre abertas para um diálogo, para aprofundarmos as nossas convergências, para aprofundarmos os nossos entendimentos e para podermos reforçar as nossas posições comuns sobre várias matérias", acrescentou.
No futuro, a disponibilidade do PS "é continuar o diálogo, sempre de portas abertas, não excluindo ninguém, muito menos aqueles partidos que têm sobre os grandes problemas da cidade um diagnóstico semelhante e querem activamente contribuir para a solução", vincou Medina.
No final da tomada de posse do executivo da Câmara de Lisboa, que decorreu na semana passada, o presidente disse que os comunistas não se mostraram disponíveis "para um acordo mais permanente de governação da cidade" e que, por isso, "não houve negociação".
Em resposta, a Direcção de Lisboa do PCP considerou no dia seguinte que o PS se afastou da defesa da cidade ao longo de 10 anos de governação e que o projecto comunista "não é diluível em programas e objectivos contrários aos seus".
Num comunicado enviado aos jornalistas, os comunistas consideram que Medina optou por "iniciar o mandato com um ataque ao PCP", mas reafirmam a "disponibilidade para trabalhar com todos os que no executivo municipal queiram ter uma intervenção activa e construtiva, que contribua para resolver os problemas sentidos por todos os que vivem e trabalham em Lisboa e para enfrentar de forma corajosa os desafios que se colocam à cidade".