Gerson, médio do Flamengo, foi alvo de mais um caso de racismo no futebol, na partida da madrugada desta segunda-feira contra o Bahia.
O médio de 23 anos, que trabalhou com Jorge Jesus no clube do Rio de Janeiro e que já foi associado ao Benfica, terá ouvido a frase "cala a boca, negro", vindo de Juan Pablo Ramírez, avançado colombiano do Bahia.
O incidente ocorreu no início da segunda parte, Gerson confrontou o jogador e teve de ser acalmado pelos colegas. Mano Menezes, treinador do Bahia, defendeu o Ramírez e pediu a expulsão de Gerson, devido ao seu comportamento após o incidente: "Não o vai expulsar? Aquele menino não iria fazer isso com o Gerson, eu conheço o jogador".
No final do jogo, Gerson explicou a sua versão dos factos nas redes sociais e garante que não será silenciado na luta contra o racismo.
"O 'cala boca, negro' é justamente o que não vai mais acontecer. Continuaremos a lutar por igualdade e respeito no futebol, o que faltou hoje do lado contrário. Desde os meus oito anos, quando iniciei minha trajetória no futebol, ouço, as vezes só por olhares, o “cala a boca, negro”. E eles não conseguiram. Não será agora", disse.
Depois dos incidentes, o Flamengo viria a vencer a partida, por 4-3, com uma reviravolta no marcador, com os golos da vitória a surgir aos 82 minutos, por Pedro, e aos 90, por Vitinho. Gabriel Barbosa foi expulso aos 10 minutos de jogo, no Flamengo, e Daniel, no Bahia, aos 91.
No final do jogo, também Rogério Ceni, novo treinador do Flamengo, lamenta o incidente: "Conversei com o Gerson, ouvi da parte dele o que o Ramírez disse. É lamentável. O Brasil é um país que recebe e acolhe muito bem as pessoas, o sul-americano no futebol. O futebol é entretenimento, o Flamengo tem um apoio enorme e o respeito vai além disso. Atacar um ser humano como o Gerson relatou é de um nível muito baixo".