O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, que deteve a tutela da Defesa, mostrou-se nesta terça-feira disponível para ir ao parlamento dar esclarecimentos sobre a sua atuação no âmbito das investigações da operação "Tempestade Perfeita".
"Qualquer membro do Governo está sempre disponível para ir à Assembleia da República, vejo isso com toda a normalidade", disse o ministro João Gomes Cravinho, depois de questionado pelos jornalistas à margem da conferência "Solidários com a Ucrânia" realizada nesta terça-feira em Paris.
Gomes Cravinho comentava o requerimento entregue na segunda-feira pelo Grupo Parlamentar do PSD para o ouvir no parlamento, bem como o atual secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira, sobre as investigações que envolvem a sua anterior tutela.
Estas audições são pedidas no âmbito da operação "Tempestade Perfeita" desencadeada na semana passada pela Polícia Judiciária (PJ), em coordenação com o Ministério Público, que resultou em cinco detenções, entre as quais três altos quadros da Defesa e dois empresários, num total de 19 arguidos, que respeita ao período em que João Gomes Cravinho tutelou aquele ministério.
Os deputados da bancada "laranja" sublinham que em causa está "um alegado esquema de corrupção que envolveu, entre outras, as obras de reabilitação do Hospital Militar em Lisboa e a sua transformação em Centro de Apoio Militar para doentes com covid-19, uma empreitada que durou apenas três semanas, mas que custou três vezes mais do que o inicialmente previsto", salientando que "ao todo foram gastos cerca de 3,2 milhões de euros, quando o valor autorizado era de apenas 750 mil euros".
Fonte ligada à investigação confirmou na passada terça-feira à Lusa que o ex-diretor-geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN) Alberto Coelho, o diretor de Serviços de Infraestruturas e Património, Francisco Marques, e o ex-diretor da Gestão Financeira do Ministério da Defesa Nacional, Paulo Branco são os três altos quadros da Defesa detidos pelas autoridades.