O preço dos combustíveis volta a descer esta segunda-feira. São menos quatro cêntimos e meio no gasóleo. Já na gasolina, a redução deverá ser de três cêntimos. Isto apesar de o preço do petróleo continuar a subir nos mercados internacionais.
Porquê?
No caso de Portugal, a resposta poderá estar nos receios de uma grande recessão económica. E, nesse sentido, a opção dos mercados é baixar o preço do combustível, até porque há, depois também, a ameaça do aumento da inflação. Quanto mais alto estiver o preço dos combustíveis, maior será a inflação, porque isso vai acabar por ter influência em todos os produtos finais. Basta pensar que, quando pagamos por algum produto no supermercado, também estamos a pagar o transporte.
Outra das razões para a descida dos preços é a diminuição da procura. Isso está a acontecer em Portugal?
Ainda não.
Porquê?
A resposta poderá estar numa certa estabilidade do setor turístico que tem uma forte componente de transporte rodoviário, o que implica, necessariamente, um consumo significativo de combustíveis.
A quebra da procura está a acontecer, sobretudo, nas situações em que se verifica uma forte contração da atividade económica, com empresas a reduzir custos, a baixar drasticamente a sua produção e, no pior dos cenários, a encerrar portas.
Por último, como o petróleo é cotado em dólares, a flutuação cambial entre dólar e euro também tem influência no preço do produto final. Daí que, apesar de termos um aumento do petróleo, ainda não estamos a sentir isso no nosso bolso quando vamos abastecer a viatura.
Poderá haver inversão desta tendência?
Nesta altura, é prematuro dizer se vamos voltar a ter longos períodos de subida dos preços dos combustíveis. Tudo vai depender da situação no Médio Oriente e de uma eventual entrada do Irão no conflito entre Israel e o Hamas.
Uma coisa é certa, os países produtores de petróleo preveem um aumento da procura até 2045, num cenário em que grandes exportadores, como a Arábia Saudita e a Rússia tencionam manter a política de redução significativa da extração de crude, até dezembro.
A consequência é simples: mais procura e menos oferta é igual a subida do preço do crude.
Em Portugal, o preço dos combustíveis está muito dependente da política fiscal. De que forma é que a crise política pode influenciar aquilo que pagamos?
Bem, é verdade que, com a dissolução do Parlamento e consequente queda do Governo, há medidas - como redução do ISP e da taxa de carbono - que também podem cair.
No entanto, na comparação com outros países europeus - nomeadamente aqui ao lado, em Espanha - Portugal tem um dos preços dos combustíveis mais elevados da União Europeia.
Daí que o setor desafie os partidos a dizerem, desde já, o quê que pretendem fazer em matéria de política fiscal para os combustíveis.