“Som da Liberdade” é uma história que “encontrou” o realizador Alejandro Gomez Monteverde. O cineasta diz, em entrevista à Renascença, que este filme nasceu a partir de uma história de jornal que falava de uma rede de exploração sexual de menores.
“Estava a ver as notícias em 2016 e vi uma notícia sobre o assunto, sobre esta escuridão humana, e isso atingiu-me a alma”, conta Monteverde que começou a escrever um guião. Três meses depois cruzou-se com Tim Ballard, um antigo agente de Segurança Nacional.
Ter conhecido a história verdadeira deste agente, fez com o realizador alterasse o guião que estava a escrever. “Foi aí que percebi que a história de Tim Ballard era mais forte do que a ficção que estava a escrever e mudei o rumo”.
O resultado chega aos cinemas esta quinta-feira, diz 21 aos cinemas portugueses com o apoio da Renascença. Com o ator Jim Caviezel, que protagonizou A Paixão de Cristo em 2004, o filme explora “o mundo sombrio” do tráfico sexual de menores e conta com, entre outros, os atores como Mira Sorvino vencedora de um Óscar, Bill Camp e Javier Godinho.
À Renascença, o realizador explica que para si, o importante é trazer o problema para o centro da discussão. “Chamou-me à atenção que o Tim Ballard deixasse tudo, o seu trabalho, a sua família, tudo, para ir salvar crianças em outras partes do mundo. Eu considero que as crianças são a herança da Humanidade. Temos de as proteger”, refere Monteverde.
Na sua opinião, “os filmes, documentários ou qualquer outra coisa que ilumine este problema sombrio é importante, sobretudo os abusos sexuais sobre crianças que sempre foram um tabu nas nossas sociedades, a nível internacional. É algo que de temos vergonha de falar. Custa a crer que este problema sombrio exista, e alertar para ele é criar uma mudança”.
Questionado sobre que poder tem o cinema para combater este tipo de flagelo, o realizador considera que “os filmes não mudam nada, mas o cinema pode transformar o espetador”.
Alejandro Gomez Monteverde mostra-se satisfeito com o impacto que o filme tem tido já a nível internacional. “Fico entusiasmado porque 30 milhões de pessoas já viram o filme, embarcaram neste diálogo social a nível internacional, e isso para mim já é um grande sucesso”, aponta.
Quanto ao elenco, o realizador explica que o ator Jim Caviezel teve uma ligação muito particular à história que “Som da Liberdade” conta. “Este tema dizia muito ao coração do meu protagonista. O ator Jim Caviezel ele próprio tem uma ligação pessoal ao tema, porque adotou três crianças chinesas, por isso, ele entregou-se completamente ao personagem. Tinha convicções muito fortes e foi uma honra trabalhar com ele”, diz Monteverde.