PCP chama Durão e Portas ao Parlamento sobre a guerra no Iraque
08-07-2016 - 18:24

Comunistas exigem que os ex-governantes "dêem as explicações necessárias e sejam confrontados com as suas responsabilidades, nomeadamente por terem envolvido Portugal naquela guerra de agressão".

O PCP vai chamar Durão Barroso e Paulo Portas ao Parlamento para questionar os dois ex-governantes sobre o envolvimento de Portugal na guerra do Iraque, em 2003.

De acordo com o jornal "Expresso", o pedido de audição do antigo primeiro-ministro Durão Barroso e do ex-ministro da Defesa Paulo Portas foi formalizado esta sexta-feira.

Na sequência da divulgação das conclusões do relatório Chilcot, um inquérito revelado esta semana no Reino Unido que aponta responsabilidades ao antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair, o PCP pretende que Durão e Portas "dêem as explicações necessárias e sejam confrontados com as suas responsabilidades, nomeadamente por terem envolvido Portugal naquela guerra de agressão".

"Em Portugal, Durão Barroso e o seu Governo, com a realização da 'cimeira da guerra' em território nacional e a cedência da Base das Lajes, foram co-responsáveis pela guerra no Iraque e pelos crimes cometidos contra o povo iraquiano”, acusa o requerimento do PCP, citado pelo “Expresso”.

“Face às revelações agora conhecidas e à importância do conhecimento dos dados deste relatório, torna-se imprescindível que a Assembleia da República e, especificamente, a Comissão dos Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas volte a discutir esta situação, ouvindo os ex-governantes portugueses”, sublinha o PCP.

Em declarações à Renascença, o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, espera que os dois ex-governantes não se furtem ao apuramento de responsabilidades.

“Esperamos que nem Durão Barroso nem Paulo Portas se furtem a essa clarificação e confrontos de responsabilidades que devem fazer na Assembleia da República pela decisão que assumiram enquanto governantes de envolver Portugal numa guerra baseada numa mentira, que teve consequências tão desastrosas, e sobretudo perante aquilo que já foi a assunção de responsabilidades que outros governantes de outros países tiveram, como Tony Blair em Inglaterra”, disse João Oliveira.

O pedido acontece na semana em que foram reveladas as conclusões do relatório Chilcot, sobre a participação britânica na invasão do Iraque. O documento tece duras críticas ao Governo de Tony Blair e ao próprio ex-primeiro-ministro.

O relatório Chilcot confirma que as informações que indiciavam a existência de armas de destruição maciça no Iraque eram falsas e acusa o Governo de ter optado pela solução militar antes de esgotar todas as outras vias de resolução do conflito.

O inquérito concluiu ainda que Saddam Hussein não apresentava qualquer ameaça à paz naquela altura e confirma que todos os avisos que foram dados sobre a instabilidade que se poderia seguir a uma invasão sem qualquer plano de saída foram ignorados.

[notícia actualizada às 23h20]