A ONU denunciou esta sexta-feira dificuldades em aceder e prestar ajuda às populações em áreas próximas da linha de combate no leste da Ucrânia, porque não ter regularmente garantias de segurança da Rússia para a deslocação do seu pessoal.
“A guerra não nos impediu de fazer o nosso trabalho. Desde o início da guerra, chegámos a mais de 12 milhões de pessoas (em toda a Ucrânia) com transferências de dinheiro, abrigo, água potável, reabilitação de casas, em suma, tem sido uma grande conquista”, disse a coordenadora humanitária da ONU, Denise Brown, numa videoconferência a partir de Karkiv, cidade no nordeste da Ucrânia.
No entanto, nas regiões ucranianas mais a leste, controladas pelas forças russas, o resultado não foi o mesmo porque a ONU não recebeu as garantias de segurança necessárias, apesar de as ter solicitado a cada uma ou duas semanas, segundo referiu a representante, realçando, porém, que pelo menos um milhão de pessoas recebeu ajuda nesses territórios.
“Temos de ajudar as pessoas onde quer que estejam e esperamos que a Rússia nos dê as garantias de que precisamos para atravessar. É tudo o que pedimos, para podermos fornecer insulina a hospitais, cobertores, colchões ou para reparar janelas e portas em antecipação ao inverno”, acrescentou.
Dois milhões de pessoas ainda poderão estar nas áreas que rodeiam a linha de fogo entre as forças russas e ucranianas, segundo as Nações Unidas.
Alguns relatórios sugerem que alguma ajuda da Rússia chegaria a esses territórios, mas neste momento esta informação não é possível confirmar, disse a representante da ONU.
A possibilidade de fazer plantações e sementeiras na próxima época agrícola será crucial para as famílias dessas zonas, onde a ONU tem planos para ajudar os pequenos agricultores em zonas remotas a terem acesso a terras, fertilizantes e equipamentos.
Denise Brown lembrou que tudo isto tem de ser planeado a partir de agora, tendo em conta que na Ucrânia o frio de inverno chega mais cedo do que no resto da Europa e “a chuva e a neve dificultarão o acesso à terra”.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 13 milhões de pessoas — mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).