Já no próximo domingo assinala-se o Dia Mundial dos Pobres, data em que múltiplas iniciativas lembram a necessidade de apoiar os mais desfavorecidos.
Como foi instituído o Dia Mundial dos Pobres?
Foi instituído pelo Papa Francisco e convoca aqueles que têm a missão de apoiar os que sofrem pela precariedade da existência e pela falta do necessário a uma vida digna. É celebrado anualmente no mês de novembro.
O Dia Mundial dos Pobres comemora-se no 33.º domingo do Tempo Comum do calendário litúrgico. Por isso, este ano calha a 19 de novembro, mas não há uma data fixa.
Que mensagem deixou o Papa para este dia?
Francisco lembra que vivemos um momento histórico que não favorece a atenção aos mais pobres. O volume sonoro do apelo ao bem-estar é cada vez mais alto, enquanto se põe o silenciador relativamente às vozes de quem vive na pobreza.
Quais são os dados mais recentes sobre a pobreza em Portugal?
Da população portuguesa, 20,1% estava em risco de pobreza ou exclusão social, em 2022. 1,7 milhões estão em risco de pobreza, ou seja, vivem com rendimentos inferiores a 551 euros mensais.
Há outro dado muito relevante. Se até ao início do século a população mais idosa era a mais exposta à situação de pobreza, nos últimos anos acentuou-se a pobreza das crianças e dos jovens, com índices de pobreza superiores aos da população idosa e mesmo do conjunto da população.
Estes são dados do mais recente Índice de Justiça Intergeracional para Portugal revelado em Outubro.
O que nos diz isso para o futuro?
Os investigadores sublinham que esta mudança no perfil da população pobre, com particular incidência nas crianças, poderá, se não for contrariada, tornar-se difícil de combater.
Se tal acontecer poderá acentuar o caráter estrutural da pobreza em Portugal e marcar de forma vincada as oportunidades e a qualidade de vida nos próximos anos.
E que respostas têm sido dadas?
Foi recentemente aprovada pelo governo a Estratégia Nacional Contra a Pobreza. São mais de 270 medidas para baixar a taxa de risco de pobreza para os 10% em 2030.
Será suficiente?
Os organismos que se dedicam a apoiar os mais desfavorecidos dizem que não. Aliás, têm sido repetidos alertas sobre as dificuldades financeira das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS).
Esta semana, os bispos portugueses lembraram a necessidade de o Estado comparticipar a 50% o apoio social. Comparticipação que, nesta altura, está nos 36%, muito abaixo do estabelecido no pacto de cooperação assinado no tempo do governo de António Guterres.