Contra a mina de lítio na freguesia de Morgade, a Associação Montalegre Com Vida está a preparar uma vigília para o próximo sábado, dia 15. A iniciativa vai realizar-se no local onde estão a ser realizadas as prospeções.
“O objetivo é chamar a atenção, dizer que não aceitamos que nos coloquem uma mina à porta de nossas casas, que continuamos firmes na nossa luta e nas nossas convicções, que não esmorecemos com a Covid-19 e é uma demonstração de que estamos atentos”, explica à Renascença Armando Pinto, dirigente da associação que surgiu para lutar contra a exploração mineira.
A vigília está marcada para o local onde se prevê implantar a mina de lítio e contempla uma plantação simbólica de árvores, uma por cada furo feito pelas sondagens e prospeções, uma tertúlia com vários grupos e associações de vários pontos do país e, ainda, um passeio, para mostrar toda a área que, segundo a associação, vai ser destruída.
Os promotores da iniciativa querem aproveitar a presença dos muitos emigrantes que se encontram de férias, para os sensibilizar e juntar à causa.
“Não vamos conseguir ter lá toda a gente, porque temos que cumprir as regras de segurança, mas queremos sensibilizar e alertar para os perigos que advêm da construção de uma mina”, afirma Armando Pinto.
O dirigente associativo lembra que “todo o concelho de Montalegre é reserva da biosfera, património agrícola mundial, tem o único parque nacional do país e onde querem fazer a mina é uma zona tampão desse próprio parque nacional, é uma zona onde existe o lobo ibérico”.
“É extremamente ridículo andar tantos anos a procurar conservar esta região, temos um selo que é atribuído pela FAO e não podemos deixar que isto se perca, porque isto deu muito trabalho”, afirma Armando Pinto, acrescentando que “não vamos permitir que alguém venha destruir aquilo que custou tanto a fazer”.
O contrato de concessão de exploração de lítio no concelho de Montalegre foi assinado em março de 2019, entre o Governo e a Lusorecursos Portugal Lithium, e tem estado envolto em polémica.
De acordo com a empresa, a exploração da mina de lítio em Morgade vai ser mista, efetuando-se primeiro a céu aberto e depois em subterrâneo, e prevê a construção de uma unidade industrial para transformação do minério.
A população das aldeias de Morgade, Rebordelo e Carvalhais, opõe-se ao projeto. As razões e preocupações prendem-se com a dimensão da mina e com as consequências ambientais, na saúde e na agricultura.