A zona euro entrou em recessão. Mais uma vez.
Nos seus pouco mais de vinte anos de existência, repetem-se os episódios negativos, que arrastam a Europa, a do euro e não só, para uma cada vez mais apagada participação no crescimento económico mundial.
Na actualidade, a recessão é causada principalmente pelos aumentos muito rápidos da taxa de juro que o Banco Central Europeu tem induzido para combater a inflação.
É um sinal dos tempos, ou seja, da tendência que a Europa tem demonstrado desde o tratado de Maastricht, ainda antes do euro, de subvalorizar o crescimento económico face à inflação, que para combater uma inflação de 7% ou 8% se provoque uma recessão. Recessão que ainda mais se aprofundará se continuarem a ocorrer (como já se verificou, embora a menor ritmo) novos aumentos da taxa de juro.
Dir-se-á que a inflação é um risco. Talvez, mas não um risco excepcional quando o crescimento de preços está abaixo dos 10% anuais. Muito mais arriscado é provocar e aprofundar uma recessão quando o endividamento das famílias é muito elevado (como é o caso de várias economias da zona euro), porque um eventual aumento do desemprego torna os incumprimentos de crédito muito mais frequentes. Para já não falar nas dificuldades acrescidas de realizar os investimentos necessários para combater as alterações climáticas.
Noutro espaço económico qualquer, um palmarés tão negativo em termos macroeconómicos e de bem-estar dos cidadãos já teria levado a uma profunda reformulação institucional, atacando os principais problemas da zona euro. Que afinal decorrem da sua própria existência e da forma como foi concebida. Mas estes, como se sabe, são assuntos tabu.