A neurologista Joana Morgado considera que é preciso "prudência" ao analisar os resultados de um ensaio clínico em que os investigadores concluiram que um medicamento consegue um atraso de cinco meses no agravamento dos sintomas de Alzheimer.
À Renascença, a especialista do Hospital Beatriz Ângelo admite que os dados dão "alguma esperança", mas realça que não se trata ainda de uma cura definitiva para a doença.
"Sem dúvida que, tendo em conta o panorama de ensaios clínicos que temos tido nesta área, estes resultados são animadores", diz, por um lado, contudo apontando também que "em termos clínicos a diferença não é grande".
"A doença continua a evoluir, mas evolui menos. Não é uma cura, mas traz alguns benefícios", reitera.
Por outro lado, Joana Morgado indica que alguns dos doentes que tomaram o medicamenti "lecanemab" tiveram, por exemplo, hemorragias cerebrais.
"Podem acontecer, apesar de serem uma minoria, e colocar em risco a vida das pessoas. Temos de avaliar o risco", defende, ainda.
Um medicamento experimental contra a doença de Alzheimer, das farmacêuticas Eisai e Biogen, provou-se eficaz a atrasar o declínio cognitivo, de acordo com os resultados de ensaios clínicos, com a comunidade científica a aplaudir o "grande avanço" que o medicamento pode representar no combate à doença.
A informação foi avançada pelas duas farmacêuticas na terça-feira em São Francisco, que reconhecem que, apesar do sucesso, o medicamento pode ter efeitos secundários graves nalguns doentes.
De acordo com a agência Reuters, a utilização do medicamento, o Lecanemab, foi associada à formação de edema cerebral em 13% dos casos. Ao todo, 7% dos envolvidos no estudo a receber o medicamento manifestaram efeitos secundários.