O embaixador de Israel em Portugal considera inaceitável a presença de cartazes antissemitas no protesto pelo direito à habitação, no Porto. No último sábado, as ruas da cidade invicta encheram-se de manifestantes que pediam rendas mais baixas e um acesso mais fácil à habitação. Entre os cartazes, liam-se frases como: “Não queremos ser inquilinos de sionistas assassinos.”
À Renascença, Dor Shapira diz que é “a favor da liberdade de expressão”, mas destaca que estas manifestações estão a ser utilizadas para “espalhar ideias muito problemáticas”. O diplomata diz que o antissemitismo não pode ter lugar numa sociedade livre.
“Se eles sentem que devem protestar sobre o conflito entre Israel e a Palestina, devem fazê-lo. Mas eles estão a usar essas manifestações para espalhar ideias relacionadas com antissemitismo, racismo e ódio. São exatamente o que estes cartazes dizem, como ‘limpar o mundo de judeus’. Isto tem de ser claramente uma linha vermelha na liberdade de expressão”, defendeu.
O embaixador israelita considera ainda que “estamos perante um crime de ódio e que quem o fez tem de pagar por isso”, mas deixa a responsabilidade de indiciar os manifestantes para as autoridades portuguesas. Dor Shapira relembra que o governo português tem “um bom entendimento, que não dá espaço ao ódio nem nas ruas, nem nas redes sociais”.
Por isso, o representante do estado israelita deixa uma garantia: estes cartazes não representam a totalidade da população portuguesa.
“Desde 7 de outubro, as reações da população portuguesa têm sido extraordinárias. Todos estão solidários. Esses sinais da manifestação são minorias extremistas. Temos de ser também muito vocais contra esses pequenos grupos, antes de se tornarem num problema sério e para garantir que eles não são capazes de espalhar o ódio”, clarificou.
A Plataforma Casa para Viver - que agrega mais de 100 organizações e que foi responsável pelas manifestações a favor do direito à habitação do último sábado - esclareceu à Renascença que os cartazes "responsabilizam apenas aqueles que os produzem e levam" e sublinhou que a organização - "profundamente comprometida com a Constituição da República Portuguesa" - desconhecia "por completo" a sua existência.
A Renascença também já contactou o Ministério Público e o Ministério dos Negócios Estrangeiros para saber se serão tomadas diligências face a este caso, mas ainda não obteve resposta.