A 4 de agosto, Juan Requesens, deputado da Assembleia Nacional da Venezuela, foi detido pela polícia venezuelana, por suspeita de estar envolvido na alegada tentativa de atentado contra Nicolás Maduro. O pai, que partilha o nome com o filho, diz que "tudo não passa de uma montagem".
"Foi levado à força de minha casa", conta em entrevista à Renascença. Sendo deputado, Juan Requesens teria direito a imunidade parlamentar. É o que está previsto na Constituição venezuelana, mas, neste caso, não foi respeitada. "Violaram todos os direitos fundamentais, todos os direitos humanos", diz o pai.
Em 65 dias, a família só foi autorizada a vê-lo duas vezes. Segundo o pai "nem sequer os seus advogados foram autorizados a dar-lhe assistência legal. Desde que foi ouvido em tribunal a 13 e 14 de agosto, o Juan praticamente não teve apoio legal".
Da última vez, Juan contou ao pai que foi torturado psicologicamente. Além de estar impedido de ver a família, incluindo a esposa e os filhos, "estão a pressioná-lo para que se declare culpado".
"Mas há mais", acrescenta o pai. "Foi apresentado ao governo um suposto vídeo dele com uma alegada confissão. Não temos duvidas - e é o que me dizem os especialistas - de que foi drogado com uma substancia que leva as pessoas a dizerem o que eles querem, sem que se recordem depois. Foi isso mesmo que aconteceu, no dia em que foi ouvido, e que pela primeira vez pôde ver o advogado. Quando foi confrontado com a existência do tal vídeo o meu filho não se lembrava de nada e perguntou: de que vídeo me estão a falar?".
Juan Requesens pertence ao partido "Primeiro Justiça", do qual também fazia parte Fernando Albán, o autarca venezuelano que morreu esta semana. A versão das autoridades aponta para suicídio. Alegam que Albán saltou da janela do 10º andar do edifício sede da polícia secreta venezuelana, onde estava detido. Familiares e amigos não acreditam e acusam o regime de homicídio.
O pai de Juan Requesens também não acredita na tese da polícia e teme agora pela vida do filho. "Presume-se que [Fernando Albán] tenha sido vitima de tortura e tentaram depois tapar essas atrocidades de uma forma abominável. Também temo pela vida do meu filho, que é inocente e deveria estar livre".
Juan Requesens pai pede ajuda à comunidade internacional para combater o regime de Nicolás Maduro. "Sozinhos não conseguimos, porque eles têm o poder das armas", remata.