O governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, salientou esta quinta-feira que a sua principal missão é garantir a estabilidade do sistema financeiro português e considerou que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) é o pilar desse objectivo.
"A nossa missão é preservar a estabilidade financeira e a CGD é o pilar dessa estabilidade", lançou o líder do BdP durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito ao banco estatal.
Carlos Costa deixou uma mensagem de confiança ao assinalar que "a CGD está adequadamente capitalizada" ainda que seja natural que necessite de mais capital "para fazer face a novos desafios regulatórios e a uma reestruturação".
Segundo o responsável, o plano de capitalização da CGD que está a ser negociado com Bruxelas deve ser visto como uma "mensagem de potenciação para o futuro" do banco público.
O governador sublinhou que a CGD é o maior grupo do sistema bancário nacional com quotas de 21% no crédito e de 28% nos depósitos, apontando para a sua "importância sistémica que é ímpar".
E realçou: "Estes valores devem ser conservados. Este pilar de confiança e estabilidade funcionou plenamente nos últimos seis anos e foi muito importante durante os desenvolvimentos da crise soberana e bancária à escala europeia".
Carlos Costa destacou também que "a CGD sempre cumpriu os requisitos prudenciais sem ter recorrido a novos aumentos de capital, isto, apesar do impacto negativo das taxas de juro baixas" e do ambiente económico desfavorável que levou à quebra da procura de crédito e à subida do incumprimento no crédito por parte das empresas e das famílias.
"Importa sublinhá-lo para fazer justiça a quem liderou o banco nos últimos anos", vincou, em referência à equipa de gestão liderada por José de Matos que está de saída da instituição.
O governador assinalou que a recuperação da rentabilidade é "o grande desafio que se coloca ao sistema bancário europeu e português" neste período.
"O reforço da rendibilidade é fundamental para os bancos para gerarem capital internamente e para atraírem novos investidores", frisou, acrescentando que o sector tem ainda que se adaptar ao "progresso tecnológico" e à "alteração do consumo de serviços financeiros".
Segundo Carlos Costa, "os bancos terão que efectuar investimentos significativos a nível tecnológico", ao mesmo tempo que têm que se preparar para as cada vez "maiores exigências de capital" requeridas pelos supervisores.