As grandes empresas estão a apostar nesta prática e a transferir serviços completos para cidades como Lisboa. “Pelo mesmo trabalho em França ganhava três ou quatro vezes mais, mas aqui está contente… tem sol”, diz o correspondente da France Inter, em Lisboa. A parceira de debate, Begoña Iñiguez confessa estranheza em relação a esta prática e lembra que na capital portuguesa “os preços estão a subir muitíssimo e com dois mil euros... não sei, não sei”, assinala a jornalista espanhola.
Nesta edição fala-se ainda do futuro da imprensa em Portugal a propósito do fim anunciado das edições diárias em papel do "Diário de Notícias". O acesso a notícias pagas na internet é um tema alvo de grande discussão em todo o mundo e na Europa em particular. Olivier Bonamici teme que os portugueses não tenham “dinheiro para assinar” jornais e informação.
Uma preocupação partilhada por Begoña Iñiguez, que critica os portugueses por recorrem em demasia a televisão como fonte primária de informação. “Os jornais não podem morrer! As pessoas têm de mudar de hábitos!” desafia a jornalista espanhola.
Esta semana falamos ainda “da falta de debate na sociedade portuguesa sobre a legalização da eutanásia” e dos populismos na Europa com especial enfoque na Itália.
E será que os nossos dois correspondentes favoritos sabem o que é um Olharapo?
“Isto vai ser muito complicado” formar governo em Itália.
A formação de um novo governo em Itália e a forma como os os europeus olham para os populismos são temas em destaque nesta edição do Visto de Fora.
“Isto vai ser muito complicado” formar governo em Itália, afirma Olivier Bonamici sem receio de falhar na previsão. Parte da tarefa está concluída: encontrar em Giuseppe Conte o nome para chefiar um governo. Mais difícil poderá ser agora encontrar ministros para um executivo que resulta da união de populistas de centro esquerda e um partido populista de direita nacionalista. “É um laboratório de dois populismos que nada têm a ver um com outro”, refere o jornalista francês para quem a situação política italiana deve ser objeto de estudo.
Nesta análise à actual situação política em itália, Olivier Bonamici (que tem sangue italiano) deixa ainda concelhos a Jean-Claude Juncker quando lhe diz “os italianos são pessoas de sangue quente. E cuidado com eles. Fala devagarinho, Jean Claude. Não irrites os italianos, porque a Europa pode mergulhar numa crise enorme, ainda maior do que grega”. Muito preocupado com as consequências desta crise, Bonamici acrescenta ainda “a Europa não pode deixar cair os italianos (são a 3ª economia europeia). Por outro lado, a Europa não pode dar total liberdade aos italianos, porque depois será a porta aberta a outros movimentos populistas noutros países”.
“O perigo dos populismos está em cima da mesa”, diz Begoña Iñiguez, que dá como exemplo o caso da catalunha. A jornalista espanhola, que esta semana jantou com o presidente do Eurogrupo, recorda o aviso que lhe fez à mesa Mário Centeno: “os principais perigos não vêm da Europa vêm de fora”. E os Estados Unidos de Trump estão no topo das preocupações.
A correspondente da Cadena Cope em Lisboa prevê que “a Europa não vai deixar que (os populistas) avancem muito, porque a Itália está numa situação económica muito delicada. É muito provável (como aconteceu com Alexis Tsipras) que não os deixem fazer tudo” o que prometeram, como o rendimento mínimo de cerca de 800 euros por mês e uma baixa do IRS. Tudo somado estas medidas podem custar aos cofres italianos cerca de mil milhões de euros por ano.
Neste Visto de Fora os nossos correspondentes olharam ainda para os dados do Eurobarometro. Para 56 por cento dos eleitores europeus os populistas são vistos como “motor de mudança”. “Os povos europeus precisam de mudança” e isso, diz Olivier Bonamici, justifica em parte o crescimento de movimentos como o Ciudadanos e Emmanuel Macron. Não são populistas, mas apresentam uma linguagem nova e de mudança.
Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus