O Irão pretende melhorar as relações diplomáticas com os países vizinhos do Médio Oriente. A intenção foi manifestada neste domingo pelo Presidente Hassan Rouhani, durante um discurso transmitido pela televisão estatal iraniana.
“O Irão está pronto para trabalhar com os Estados regionais no sentido de melhorar a segurança no Médio Oriente”, anunciou.
Rouhani assegurou que o país está pronto para trabalhar com todas as lideranças e prometeu dar luta às pressões dos Estados Unidos e de Israel que, segundo disse, tencionam dividir os iranianos.
“Os Estados regionais que acreditam que Israel e a América podem garantir a segurança estão errados. Nós, muçulmanos, é que devemos garantir a segurança regional”, afirmou.
O líder do regime de Teerão não identificou, contudo, qualquer Estado com que pretenda estreitar laços.
O apelo surge no contexto da disputa regional entre o Irão e a Arábia Saudita, que apoiam lados opostos nos conflitos da Síria e do Iémen.
Teerão condena pedido "arrogante" dos EUA à Europa
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão classificou como odioso e arrogante o discurso do vice-presidente norte-americano, Mike Pence, que no sábado instou a Europa a seguir Washington e abandonar o acordo nuclear com Teerão.
Mohamad Javad Zarif disse este domingo, na Conferência de Segurança de Munique (Alemanha), que Mike Pence "pediu com arrogância à Europa, no seu solo, que se junte aos Estados Unidos e comprometa assim a sua própria segurança".
"As suas acusações odiosas contra o Irão, incluindo as suas alegações ignorantes de antissemitismo são simultaneamente ridículas e perigosas", afirmou.
O vice-presidente dos EUA pediu à Europa que abandone o acordo assinado com o Irão, apelo que repetiu por duas vezes esta semana, primeiro numa conferência em Varsóvia sobre segurança no Médio Oriente e depois em Munique.
Na sua intervenção neste último fórum sobre segurança, o chefe da diplomacia iraniana disse que a retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear foi "ilegal e unilateral", além de ter sido guiada por uma "fixação insana" e uma "obsessão patológica dos EUA com o Irão" que remonta à revolução islâmica de 1979.
Zarif acusou ainda os EUA de terem como objetivo final para o Irão e o Médio Oriente uma mudança de governo em Teerão.
Por outro lado, manifestou apreço pelo "grande esforço" da Europa para manter vivo o acordo após a saída de Washington, que impôs sanções ao Irão, e por continuar a cumpri-lo apesar das dificuldades.
Ainda assim, alertou que a Europa "não está preparada para o investimento, para pagar o preço" que implica manter-se firme na defesa do acordo.
"O Irão não pode assumir toda a fatura do acordo. A Europa tem de se molhar se quer nadar contra o unilateralismo dos EUA", disse Zarif, avisando que "um abusador abusará mais se lhe derem atenção".
Mike Pence pediu na quinta-feira em Varsóvia aos aliados europeus para se retirarem do acordo nuclear com o Irão, que disse estar a preparar um "novo holocausto" e ser “o maior perigo” no Médio Oriente.
No sábado, na intervenção na Conferência de Segurança de Munique, Mike Pence também afirmou que chegou o momento de a Europa se retirar do acordo nuclear iraniano e unir-se a Washington para pressionar Teerão.
No entanto, na mesma conferência em Munique, a Alemanha rejeitou o apelo: "Juntamente com os britânicos, os franceses e a União Europeia, nós encontrámos uma maneira de manter o Irão no acordo nuclear. E o nosso objetivo continua a ser que não haja mais armas nucleares, precisamente para não desestabilizar a região", disse o chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas.
Os Estados Unidos, por iniciativa do Presidente Donald Trump, abandonaram em 2018 o acordo sobre o programa nuclear do Irão, negociado pelo governo do anterior Presidente, Barack Obama, acusando Teerão de estar a tentar desenvolver armas nucleares.
Os europeus acreditam e insistem que o Irão está a respeitar este acordo que garante um levantamento das sanções económicas em troca do compromisso de Teerão de limitar-se a desenvolver uma indústria nuclear com fins estritamente civis e não para uso militar.