Para se seguir em frente e melhorar o combate ao crime económico e corrupção é preciso perceber como se chegou até aqui. O diretor nacional da Polícia Judiciária disse, esta quarta-feira de manhã, na abertura de uma conferencia sobre corrupção, que a Polícia Judiciária "durante décadas sofreu um desinvestimento que quase a sufocou silenciosamente”.
O caminho, diz, foi o “desinvestimento”: “menos de mil inspetores num quadro de dois mil, menos 50% do quadro da investigação criminal preenchido, idade média a rondar os 50 anos, uma década sem contratações de peritos, uma década sem investimento tecnológico”, lamenta.
Falando na presença da ministra da Justiça e do procurador-geral da República culpou quem, através de criticas ferozes, quis adiantar soluções mas, "quando tiveram a capacidade e a oportunidade efetiva de exercer essa mudança, nada fizeram”, numa clara crítica ao poder politico.
Luís Neves exortou, ainda, a um investimento neste combate, afirmando que “é impossível conduzir uma investigação a bom porto sem conhecimento”, sendo necessário "agir, dar a volta, trazer estabilidade às instituição e investigações".
Lembrando que "as investigações à corrupção devem ocorrer no momento em que os atos de corrupção estão a ocorrer e não anos depois dos factos", sendo fundamental aos inspetores "acederem a informação em fontes restritas, bases de dados fulcrais para a investigação, como por exemplo as da Autoridade Tributária".