​Receber dinheiro do Estado por andar de bicicleta? Já acontece em alguns países europeus
18-02-2023 - 22:56
 • Renascença

Países Baixos e França estão no pelotão da frente europeu na mobilidade a duas rodas. Andar de bicleta pode chegar a render mais de mil euros.

Ir de bicicleta todas as manhãs para o trabalho faz bem à saúde, às cidades (menos engarrafamentos), ao meio ambiente (menos emissões e poluição) e até pode significar uma diminuição de encargos para o Estado (que economiza gastos com saúde). E por isso, escreve o jornal espanhol “El País”, há já países europeus que pagam aos cidadãos para usar esta forma de transporte.

Embora o mais comum seja subsidiar os transportes públicos ou mesmo reduzir impostos aos combustíveis para carros, de forma a superar a crise energética, vários países europeus têm iniciativas em curso para pagar aos trabalhadores que se deslocam de bicicleta.

Nos Países Baixos aumentaram o subsídio estatal de 19 para 21 cêntimos por quilómetro para um velocípede este ano ꟷ o valor final pode ultrapassar 1.000 euros por ano, enquanto que em França o valor pode chegar a 800 euros anuais.

O Governo dos Países Baixos subsidia com 21 cêntimos por cada quilómetro percorrido de bicicleta entre casa e o trabalho, embora isso também se aplique ao transporte público e ao automóvel.

Trata-se de uma compensação pelo custo da gasolina e do transporte público que estava congelado desde 2006. Este valor é pago pelo Estado através do salário e é isento de impostos.

Ana Castán é uma espanhola de 40 anos que mora em Amesterdão há oito anos.

“Temos que inserir na aplicação da empresa quantos quilómetros fazemos por semana. Não precisamos de fornecer nenhum documento a comprovar, eles confiam na nossa palavra. E a empresa paga o valor no final do mês juntamente com o salário, embora seja dinheiro dado pelo Estado”, diz, citada pelo El País.

“O meu marido, também espanhol, pedala cerca de 14 quilómetros por dia, ou seja, cerca de 3.500 quilómetros por ano. Portanto, são mais de 700 euros por ano”, avança.

A França também está empenhada em dar ajuda do Estado aos funcionários que se deslocam para o trabalho de bicicleta e em outros veículos não poluentes – como carros elétricos ou partilhados.

As empresas podem usufruir voluntariamente do chamado “passe de mobilidade durável” (FMD, em francês), e pagar até 800 euros por ano a cada pessoa que utilizar estes meios de transporte.

As empresas deduzem esses valores dos impostos e contribuições sociais. No setor público, o valor não pode ultrapassar 300 euros por ano. Além disso, o país oferece ajuda para trocar carros antigos por bicicletas elétricas.