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A emigração de jovens "deve ser sempre uma opção e não uma fuga" da pobreza e da falta de oportunidades, defende a comissária europeia da Coesão e Reformas, Elisa Ferreira.
O repto foi deixado por Elisa Ferreira numa mensagem à Conferência Mundo em transição - O poder dos jovens na mudança global, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, uma iniciativa da Renascença em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
“A livre circulação de pessoas é uma parte absolutamente integrante do mercado único e eu só posso encorajar os nossos jovens a olharem para a Europa como uma extensão natural dos seus horizontes. No entanto, isto deve ser sempre uma opção e não uma obrigação ou uma fuga”, afirma a comissária europeia.
Preocupada com o problema, Elisa Ferreira refere que a Comissão Europeia tem em prática políticas em diversas vertentes. Criou, por exemplo, um mecanismo que canalizou “milhares milhões de euros em apoio aos investimentos dos Estados-membros em educação, em competência, em políticas orientadas para os jovens”.
Outro dos objetivos desta política é “tornar as regiões atrativas para que eles [os jovens] possam, aí, viver e trabalhar”.
Neste Ano Europeu das Competências, uma "enorme preocupação" da Comissão Europeia são os 8 milhões de jovens europeus, com menos de 25 anos, que não estudam, não seguem qualquer formação, nem têm um emprego.
"Em Portugal, quase 10% das pessoas com menos de 25 anos encontram-se nesta situação. Investir em competências e educação e colmatar o fosso entre a educação e o mercado de trabalho, é absolutamente essencial para criar oportunidades de emprego para os jovens e para quebrar ciclos de pobreza", sustenta Elisa Ferreira.
Solidariedade intergeracional “fundamental para a coesão europeia”
Elisa Ferreira sublinha que a solidariedade entre gerações é um “imperativo moral” e um ponto “fundamental para a coesão europeia”.
A comissária europeia defende que é necessário “prestar atenção e ouvir as ideias dos jovens, beneficiar do seu entusiasmo e utilizar a sua energia e a sua generosidade”.
“São muitas vezes os jovens que estão a impulsionar a mudança” e aos mais velhos cabe “criar as condições e dar o espaço” para que as novas gerações “se possam apropriar e ser parte integrante”.
Alguns dos principais desafios do presente e do futuro são as alterações climáticas, o impacto do envelhecimento da população, os efeitos da automatização, da inteligência artificial ou passagem para o mercado de trabalho, elenca Elisa Ferreira.
UE precisa das novas ideias e soluções dos jovens
Como “não é possível resolver novos desafios com formas de pensar do passado”, o mundo e a União Europeia, em particular, precisam da ajuda dos jovens e das suas novas ideias e soluções, defende.
“Temos de lhes dar os bens para se exprimirem, mas, mais importante ainda, temos de os ouvir e de lhes dar espaço para que eles também transformem a realidade”, como outros jovens fizeram no passado, sublinha.
Os grandes benefícios do presente, como a igualdade de direitos, proteção do ambiente, estabilidade económica, segurança física, “são resultado do trabalho de gerações anteriores de jovens que lutaram incansavelmente por um futuro melhor”.
Elisa Ferreira diz que é preciso manter e melhorar essas conquistas, e “ouvir as nossas gerações sobre a ameaça existencial que pesa sobre o planeta e sobre a Humanidade”.
“Porque mais importante do que pensarmos que herdamos o planeta das gerações anteriores, é pensarmos que apenas o pedimos emprestado às gerações futuras, porque é a elas que ele pertence”, remata a comissária europeia da Coesão e Reformas.