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Diba, Walaa, Fulla, Bidá. Quatro mulheres, três sírias e uma afegã, que a guerra juntou na Grécia, depois de uma travessia no mar Egeu que quase lhes custou a vida. Esperam desde Março que a Europa lhes abra as portas para que possam abraçar a família que partiu mais cedo. Os dias – os meses – passam e a espera no campo de refugiados de Kara Tepe, na ilha grega de Lesbos, é cada vez mais dolorosa.
“É duro, é muito duro para nós. É bom, mas não é para viver aqui. Vivemos aqui há muito tempo”, diz Walaa.
“Aqui não há direitos humanos”, afirma Bida. “A comida é muito má, as paredes são de plástico. É muito quente no Verão e muito frio no Inverno. E há ratos e outros animais. É muito mau.”
Chegaram à Grécia apenas com a roupa no corpo e a esperança que traziam começa a perder-se. Em Lesbos, a ilha que não conheciam, só pedem aos europeus que as deixem começar uma vida nova.
“Aqui os refugiados estão sempre tristes – o dia todo, estão sempre tristes. Nós rimo-nos, mas é apenas por fora, não por dentro. No nosso interior existe tanta tristeza”, confessa Walaa.
“Temos de esperar muito tempo”, diz Fulla. “Todos os dias quando acordamos perguntamos se há notícias: o que vai acontecer, qual vai ser o nosso futuro? Não sabemos da nossa família. Estamos aqui há muito tempo.”
O desânimo espalha-se pelo campo, apesar dos esforços de voluntários. Filipa Paiva, voluntária da Plataforma de Apoio aos Refugiados, de Portugal, afirma à Renascença que as organizações não governamentais têm cada vez menos pessoas no terreno – em campos cada vez mais lotados.