No dia em que começa a discussão, em sede de concertação social, sobre o salário mínimo nacional, Henrique Raposo e Jacinto Lucas Pires mostram diferentes visões sobre o tema: se para um é uma questão de justiça, para outro trata-se de uma consequência da produtividade.
“O salário, antes de ser um direito, é uma consequência da produção e da produtividade do país”, defende Henrique Raposo. “Só há aumento do salário mínimo e do salário médio se houver produção de riqueza e a riqueza não se decreta. Se fazes palitos ou t-shirts e não telemóveis, não podes ter salários bons”, sustenta.
Jacinto Lucas Pires tem uma posição diferente e considera que se trata de uma questão de justiça. “Tem de haver mínimos”.
Nesse sentido, Lucas Pires considera os 750 euros defendidos pelo Governo uma meta “pouco ambiciosa, porque quer dizer que acham que o país, daqui a quatro anos, vai estar um pouco como agora. Acho que é pouco em termos de ambição coletiva e de justiça entre todos”, defende.
No que toca ao outro assunto sobre a mesa – a gestão que Espanha faz da água dos rios ibéricos, os dois comentadores mostram-se mais alinhados e criticam a passividade dos últimos governos.
“As nossas cimeiras com Espanha só deviam ter três temas: água, água e água”, afirma Henrique Raposo.
Jacinto Lucas Pires diz que, “enquanto não tivermos uma regra de um caudal contínuo que seja realmente fiscalizado, vamos estar sempre mal, porque Espanha pode abrir em setembro ou agosto quando lhe der jeito, a água toda correspondente ao ano inteiro e depois a média bate certo, mas nós ficamos sem água grande parte do ano”.
“O ambiente não é para estarmos com politiquices, o ambiente é de todos, a Península Ibérica é de todos”, conclui.