Putin foi à inauguração dos Jogos Olímpicos de Inverno, na China, coisa que a maioria dos líderes ocidentais evitou fazer, em protesto contra o desrespeito pelos direitos humanos manifestado pelo regime chinês. Naturalmente, Xi Jinping apoiou as ameaças militares de Putin na Ucrânia.
Putin e Xi Jinping estão unidos na luta pelo enfraquecimento das democracias liberais. As provocações de Pequim em torno de Taiwan não são muito diferentes das que Putin desencadeia sobre a Ucrânia. Para esses dois autocratas é intolerável terem democracias a funcionar ao pé da sua porta.
Os comunistas chineses têm um grande motivo de queixa quanto à Rússia. Como é que o partido comunista russo deixou escapar o poder, após décadas de o exercer com enorme violência? Xi Jinping tem sempre presente o caso russo, por isso reforçou brutalmente o controle do partido sobre a população chinesa. E agora agrada-lhe a ditadura de Putin.
Mudou nos últimos anos a atitude de relativa simpatia nas capitais europeias face à China. Os EUA desde há mais tempo apontam a China como o grande adversário. Na Europa, após um curto período de algum fascínio, o investimento chinês deixou de ser bem vindo.
Entretanto, as ameaças de Putin à Ucrânia, com cem mil soldados russos nas fronteiras deste país, deram um novo impulso à Nato, superando divisões. Putin alega que não haverá invasão, mas então o que estarão ali a fazer aqueles cem mil militares?...
Regresso à guerra fria? Não inteiramente, pois ao confronto atual falta a dimensão ideológica. Mas de um real confronto se trata, envolvendo uma dimensão militar.