Rishi Sunak, ex-ministro das Finanças, é primeiro-ministro do Reino Unido. É o quinto a ser designado nos últimos seis anos. Nenhum deles emergiu de eleições gerais. Foram todos escolhidos pelos deputados e militantes do Partido Conservador.
O Partido Trabalhista, que nas sondagens conta agora com uma considerável vantagem (mais de 30 pontos de percentagem), reclama insistentemente eleições gerais. Mas quem pode convocar eleições gerais já não é o primeiro-ministro em exercício, mas uma maioria na Câmara dos Comuns.
Os conservadores têm uma maioria parlamentar, portanto recusam eleições gerais, o que legalmente é possível até janeiro de 2025. Mas, politicamente, começa a ser complicado não convocar eleições gerais mais cedo.
A tarefa prioritária de Rishi Sunak é resolver o sarilho que ele próprio previu, quando na campanha eleitoral disse a Liz Truss ser uma ideia perigosa baixar impostos sem cobrir financeiramente o decorrente “buraco” nas contas públicas. Liz Truss propunha-se lançar empréstimos, o que levou ao caos e à desconfiança nos mercados.
Sunak enfrenta uma inflação que reduz o poder de compra da maioria dos britânicos, o que favorece o Partido Trabalhista.
Rishi Sunak tem sensibilidade política, como mostrou ao não fazer quaisquer afirmações públicas antes de ser designado líder do seu partido. Mas não se pense que ele poderá reverter a opção pelo Brexit. É certo que se tornou claro que os ativistas da campanha pela saída da União Europeia (UE) prometeram mundos e fundos, promessas que não se concretizaram.
Essa irresponsabilidade prevalece porque em junho de 2016 um referendo foi ganho pelos partidários do Brexit.
Poderá, todavia, esperar-se agora uma relação menos crispada entre o Reino Unido e a UE, permitindo talvez ultrapassar o problema, que dura há seis anos, quanto à Irlanda do Norte.
Por outro lado, a escolha de Rishi Sunak permitiu afastar a ameaça de Boris Johnson regressar a Downing Street.
Boris Johnson ainda levou vários deputados conservadores a tentarem promovê-lo a candidato. Mas não logrou obter apoios suficientes entre os deputados do partido. Evitou-se, assim, um motivo adicional de descrédito para o Reino Unido, numa altura em que o país necessita urgentemente de confiança interna e internacional.
O Partido Conservador britânico está muito dividido. Rishi Sunak propõe-se uni-lo. Mas é de assinalar o facto de o partido ter escolhido para seu chefe e chefe do governo um hindu não branco.