“Daqui, destas terras, emigrou o meu pai para a Argentina”, disse esta manhã o Papa. “E vim a estas terras, preciosas pelos bons produtos do solo e sobretudo pela genuína laboriosidade da gente, para reencontrar o sabor das raízes”.
Francisco, que chegou ontem a esta cidade do Piemonte, terra dos seus pais e avós, para se encontrar com familiares e participar no aniversário de uma prima nonagenária, celebrou missa esta manhã na catedral da cidade.
Na homilia da missa, o Santo Padre refletiu sobre a realeza de Cristo, cujo abraço quer envolver a todos e alertou para o “risco que corre também a nossa fé, que definha se permanecer uma teoria sem se fazer vida prática, se não houver envolvimento, se não nos gastarmos pessoalmente, se não nos comprometermos.” Se assim for, “tornam-se cristãos de fachada, que dizem acreditar em Deus e querer a paz, mas não rezam nem cuidam do próximo”, alertou.
“Irmãos, irmãs, hoje o nosso Rei olha-nos da cruz de braços abertos . Cabe a nós escolher se sermos espectadores ou envolvidos. Vemos as crises de hoje, o declínio da fé, a falta de participação... E que fazemos? Limitamo-nos a fazer teorias, a criticar, ou arregaçamos as mangas, comprometemo- nos na vida, passamos do «se» das desculpas ao «sim» da oração e do serviço?”, interroga o Papa. “Todos pensamos saber o que está errado na sociedade, no mundo, até na Igreja, mas depois... fazemos alguma coisa? Metemos as mãos na massa, como o nosso Deus pregado no madeiro, ou ficamos a olhar com as mãos nos bolsos?”
Francisco quer jovens “transgressores e inconformistas” na JMJ de Lisboa
Neste domingo em que se celebra a jornada diocesana da juventude, o Papa Francisco voltou a convidar os jovens para a Jornada Mundial da Juventude de Lisboa e fez uma reflexão sobre o tema.
“Desde o ano passado, precisamente na Solenidade de Cristo Rei, celebra-se nas Igreja particulares o Dia Mundial da Juventude. O tema, o mesmo
da próxima JMJ de Lisboa, para qual renovo meu convite a participar, é «Maria levantou-se e partiu apressadamente». Nossa Senhora fez isso quando era jovem, e nos diz que o segredo para permanecer jovem está precisamente nesses dois verbos, levantar-se e partir.” E acrescenta: “Levantar-se e partir: não ficar parado e pensar em si mesmo, desperdiçando a vida perseguindo as comodidades ou a última moda, mas apontar para o Alto, colocar-se a caminho, sair dos próprios medos para estender a mão aos necessitados”.
O Papa deixa ainda um conselho: “Precisamos hoje de jovens que sejam verdadeiramente 'transgressores', não conformistas, que não sejam escravos de um telemóvel, mas que mudem o mundo como Maria, levando Jesus aos outros, cuidando dos outros, construindo comunidades fraternas com outros, realizando sonhos de paz!”
No final, o Santo pediu orações pela paz na Ucrânia e rezou pelas vítimas de um incêndio ocorrido há dias num campo de refugiados na Palestina