A interdição da A29, no troço Ovar Sul - Esmoriz, que abrange todos os nós de acesso ao concelho de Ovar, é um desafio à paciência de quantos, no dia a dia, necessitam de passar a cerca sanitária, criada pela autoridades para conear a Covid-19. É o caso de Carlos Coelho, distribuidor de medicamentos e outros artigos farmacêuticos, que descreve à Renascença o problema com que se deparou na manhã desta sexta-feira.
"Com as saídas da A29 cortadas, tenho de procurar alternativas. O problema é que chego a uma qualquer estrada e deparo-me com blocos de betão. Como posso ir entregar os medicamentos?" interroga-se, perante a inignação de "não haver no local qualquer agente da autoridade que possa dar informações".
Como diz o povo, a necessidade aguça o engenho. Carlos faz marcha-atrás, entra na A1, sai em Santa Maria da Feira e, ao fim de uma hora de voltas e reviravoltas, lá consegue chegar ao seu destino em Ovar.
Quilómetros a mais e de trabalho também
O momento não é fácil para nenhum português e para os distribuidores também não.
"Tenho muito, muito trabalho. Estou completamente estafado, a trabalhar 12 horas por dia. Fazemos só uma entrega, mas essa entrega demora imensas horas", desabafa Carlos Coelho, que sublinha que nesta altura "não há falta de medicamentos e as farmácias estão a comprar muito, até porque há outras patologias, para além da Covid-19", que continua a levar os portugueses aos estabelecimentos farmacêuticos.
Farmácias de Ovar sem falta de medicamentos
O cerco sanitário no concelho de Ovar, apesar das dificuldades acrescidas para os distribuidores, não está a impedir que as farmácias trabalhem com normalidade. Dois estabelecimentos farmacêuticos da cidade Ovar, contactados esta sexta-feira pela Renascença, coincidem na constatação de que as dificuldades sentidas no abastecimento são essencialmente no álcool higiénico, máscaras e luvas para venda ao público.
"O pouco 'stock' que temos está reservado para nós, para podermos continuar a atender", diz uma das fontes. Já quanto aos medicamentos, não havendo falhas, os constrangimentos na distribuição fazem-se sentir.
"As encomendas continuam a chegar, mas nós tínhamos três encomendas por dia e agora só temos uma, porque o fornecedor, devido ao aumento da procura, cortou as voltas", sublinha a mesma fonte, deixando claro que "o cerco sanitário não é impeditivo de que os medicamentos estejam a chegar à farmácia.