Fernando Ulrich, antigo presidente executivo do BPI, revelou hoje que, quando houve interesse em comprar o Novo Banco pela segunda vez, propôs a criação de um "outro banco mau", considerando a venda à Lone Star "uma boa operação".
O antigo presidente executivo e atual "chairman" do BPI Fernando Ulrich esteve hoje a ser ouvido na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, tendo sido questionado pelo deputado do PS João Paulo Correia sobre o facto de o BPI ter estado interessado na compra do banco das duas vezes, quer na venda falhada de 2015 quer na que se efetivou em 2017.
"Na segunda venda, que depois terminou com a operação com a Lone Star, no documento de trabalho que entregámos ao Fundo de Resolução, a entidade que estava a vender, aí sim, fazíamos considerações desse tipo sobre as dúvidas que tínhamos, sobre a qualidade dos ativos do banco e aquilo que não gostávamos de comprar, digamos assim", assumiu.
De acordo com Fernando Ulrich, o BPI não apresentou a modalidade de "capital contingente" e aquilo que pretendia era que, "havendo um conjunto de ativos relativamente aos quais" o banco ou não gostava ou tinha muita dificuldade em avaliar, aquilo que foi proposta à equipa que tratava da venda era que esses ativos fossem retirados do banco.
"Criem outro banco mau porque o primeiro banco mau não absorveu a totalidade daquilo que era o conjunto de ativos maus que havia no BES e fica só banco bom. Então vamos discutir só o banco bom porque, se tivermos só a discutir o banco bom, será mais fácil entendermo-nos quanto aos valores porque a margem de diferença de opinião será muito menor", relatou.
No entanto, o antigo presidente executivo do BPI assumiu que "eram montantes maiores do que a proteção que a Lone Star pediu" e, para tirar ativos do balanço do banco, "era preciso compensar isso com capital".
"E, portanto, o esforço que seria pedido era maior por isso é que eu digo: penso que a operação com a Lone Star foi uma boa operação naquele momento e naquelas circunstâncias", assumiu.
Fernando Ulrich disse ainda que o BPI entrou na primeira tentativa de venda do Novo Banco em 2015, "mas foi excluído na passagem da primeira para a segunda fase".
"Houve uma primeira fase em que éramos à volta de 14 entidades que levantaram o dossier e depois tínhamos que preencher determinadas condições para passar à fase seguinte e nós não passámos. Estudámos o assunto, mas ficámos bastante aquém", recordou.