Aumentam pedidos de ajuda à Federação Portuguesa pela Vida
14-12-2024 - 02:20
 • Marisa Gonçalves

Instituição defende mais incentivos fiscais às famílias que queiram ter filhos.

A Federação Portuguesa pela Vida tem recebido cada vez mais pedidos de ajuda por parte de famílias e mulheres grávidas que não têm condições financeiras para fazer face às despesas, adianta à Renascença a presidente da instituição, Isilda Pegado.

“Temos recebido muitos pedidos de ajuda, acima de tudo, devido a situação de carências económicas, sociais e até de maus-tratos no âmbito familiar. Estas instituições quer com profissionais, quer com voluntários, fazem esse trabalho diário. Ao longo do ano, a federação conta com mais de 20 instituições que, por todo o país fazem esse tipo de apoio”, afirma.

Isilda Pegado defende mais incentivos fiscais às famílias que queiram ter filhos.

Temos de criar uma nova cultura de vida com estruturas, na sociedade, que apoiem efetivamente a abertura à vida. Obviamente que as famílias também devem ser valorizadas em termos fiscais, em termos sociais e em termos laborais por forma a que possam ter os filhos que desejam. Há pessoas que não podem ter filhos porque não têm mais um quarto para eles, essa é uma situação grave”, aponta.

"Aborto como remédio para a pobreza é a coisa mais triste"

Questionada sobre as propostas partidárias que vão no sentido de um alargamento do prazo para a interrupção voluntária da gravidez (IVG) e que foram apresentadas pelo Partido Socialista e pelo Bloco de Esquerda, Isilda Pegado repudia essas iniciativas parlamentares.

“Quem o propõe, fá-lo como solução para situações de pobreza. Ver o aborto como remédio para a pobreza é a coisa mais triste que um país pode ter. O que nós defendemos é que haja cada vez mais apoios para que tenhamos cada vez menos abortos. Essas iniciativas não têm qualquer fundamento científico, ético ou moral. Devem ser chumbadas no Parlamento”, considera.

Isilda Pegado falava à Renascença à margem do jantar de Natal da Federação Portuguesa pela Vida, que juntou alguns parceiros da instituição, e que foi antecedido de uma missa celebrada pelo patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, na Basílica dos Mártires, em Lisboa.

"UE tem de estar envolvida no combate" à pobreza

O patriarca de Lisboa diz que a Igreja “está atenta” às situações de pobreza mais prementes através de uma rede de associações e voluntários.

“Há muita gente de boa vontade que participa em grupos e em movimentos que estão verdadeiramente comprometidos com aqueles que passam grandes necessidades”, frisa.

D. Rui Valério entende, ainda, que as instituições europeias devem intervir de forma mais eficaz. “Estou consciente da enormidade que é este desafio e eu não gostaria de secundarizar o trabalho que está a ser feito pelas autarquias e pelas entidades governativas, mas eu venho dizendo que é um problema cuja dimensão é tal que não se resolve com decisões pontuais, nem sequer de um país. A União Europeia tem de estar envolvida neste combate. Mesmo em Bruxelas, continua a existir o problema das pessoas em situação de sem-abrigo e é transversal toda a Europa”, sublinha.

O Patriarca de Lisboa defende uma Europa mais “robusta”, com mais financiamento e planeamento para colmatar as situações de pobreza.