O presidente do Sindicato da Construção de Portugal, Albano Ribeiro, garante que no estaleiro do Plano Hidroelétrico do Alto Tâmega não se realizam testes ao novo coronavírus. O medo de contágio leva os trabalhadores a abandonar a obra.
Albano Ribeiro defende a realização semanal de dois testes aos trabalhadores. O incumprimento das medidas de proteção deve significar uma interrupção na atividade.
“É lamentável que neste momento não haja testes aos trabalhadores, quer em obras públicas, de grande dimensão, quer em obras privadas”. A denúncia é do presidente do Sindicato da Construção de Portugal, que acusa o Estado de nada fazer, por exemplo, no Plano Hidroelétrico do Alto Tâmega, cujo empreiteiro geral é a Iberdrola.
Albano Ribeiro revela que “há trabalhadores espanhóis que vão e regressam todos os dias a casa, em Espanha, alguns vão ao fim-de-semana e regressam e não houve qualquer análise realizada”. Acrescenta que “numa das frentes de trabalho, havia 300 trabalhadores e agora estão 100”. O relato, diz, é do engenheiro responsável, após uma visita. “Os trabalhadores foram embora com medo”, indica.
O sindicalista diz à Renascença que há empresas a cumprir, outras pararam, outras enviaram os trabalhadores de férias. “80 a 90% do setor está a trabalhar, mas de uma forma que não pode continuar”. Albano Ribeiro entende que a ausência de medidas de contingência deve levar o Governo a impor um duplo teste semanal aos trabalhadores, caso contrário o setor deve parar. “Não queremos isso, mas se nada for feito ele vai parar de outra forma”, devido ao previsível número de contágios, sublinha.
Quem não cumpre, tem que parar
O Sindicato da Construção de Portugal defende que as empresas que não cumpram têm que parar a sua atividade. Se não for feito o controlo duas vezes por semana, se não tiverem máscaras, luvas e líquidos para trabalhar têm que parar. Até no plano da concorrência estão a por em causa quem toma medidas, considera Albano Ribeiro.
O dirigente sindical classifica de vergonhosa a situação de empresas de angariação de mão-de-obra e o trabalho clandestino, cerca de 40%, “que estão a dizer aos trabalhadores que pedem proteção individual: Rua! Vai-te embora! Esta empresa vai desaparecer, já não trabalhas mais nesta empresa! “Há situações de pessoas que não querem dar proteção aos trabalhadores. Há carrinhas de nove lugares que deviam transportar apenas cinco trabalhadores e circulam com lotação total”, lamenta.