O filme “Snowden”, de Oliver Stone, que estreia na quinta-feira em Portugal, convoca os espectadores a decidir se o ex-consultor da NSA que revelou a vigilância em massa de comunicações privadas é um traidor ou um patriota.
Joseph Gordon-Lewitt, que encarna Edward Snowden no filme do premiado realizador ‘antissistema’, afirmou em entrevistas não ter dúvidas de que ele é um patriota.
“Mostrou dois tipos de patriotismo, quando se alistou no exército em 2004, no auge da guerra do Iraque, para combater pelo seu país, e quando chamou o seu governo à responsabilidade através da fuga” de documentos classificados, disse.
“Ele fez o que fez verdadeiramente por amor ao seu país e aos princípios sobre os quais o seu país foi fundado”, acrescentou o actor, que na rodagem do filme se encontrou várias vezes com Snowden, exilado na Rússia desde 2013.
O filme, que se estreou a 16 de Setembro nos Estados Unidos entrando para o quarto lugar das receitas de bilheteira, tem a aprovação de Snowden, que numa entrevista ao jornal britânico ‘Financial Times’ disse que, politicamente, “é o mais próximo da realidade” que um filme pode ser.
Grandes estúdios fizeram autocensura
O filme baseia-se no livro “Os Ficheiros Snowden”, uma crónica do caso escrita por Luke Harding, do jornal britânico The Guardian, e no ‘thriller’ político “The Time of the Octupus” (“A Hora do Polvo”), da autoria do advogado russo de Snowden, Anatoly Kucherena.
Além de Gordon-Lewitt, participam na longa-metragem Shailene Woodley, Melissa Leo, Zachary Quinto, Tom Wilkinson e Nicholas Cage.
Segundo Oliver Stone, todos os grandes estúdios cinematográficos norte-americanos recusaram financiar o filme: “Francamente, foi recusado por todos os grandes estúdios. Foi decididamente autocensura. Não acredito que houvesse um inimigo como a NSA escondido na sombra, mas a autocensura é enorme nesta indústria”, disse o realizador em Julho.
Dois dias antes da estreia nas salas norte-americanas, três das principais organizações internacionais de defesa dos direitos humanos – Amnistia Internacional, Human Rights Watch e a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) – lançaram uma campanha global para pedir ao Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que perdoe Edward Snowden, acusado de espionagem nos EUA, antes de terminar o mandato, em Janeiro de 2017.