A promessa está feita e é para levar a sério, apesar das tenras idades dos alunos da Escolinha de Bombeiros Voluntários de Oliveira do Hospital.
Começa a aula com teoria e prática. O bombeiro e enfermeiro André Rocha, de 22 anos, é hoje o professor. “Boa tarde, meninos. Hoje vamos falar de Suporte Básico de Vida”. André Brito, 16, inicia a manobra de reanimação na manequim Ana, deitada no chão. “A vítima não responde, liga para o 112”, pede André a outra colega que se apressa a ensaiar o telefonema.
Entretanto, é a vez de outro professor entrar na sala de aula, Pedro Garcia de 44 anos, chefe dos bombeiros voluntários de Oliveira do Hospital. “O que é a OVA?”, questiona, obtendo a resposta em uníssono: “Obstrução da via aérea, quando uma pessoa se engasga.” Matilde Garcia, 10 anos, coloca-se por detrás de outro colega que simula estar engasgado. “Incentivas à tosse, dá-lhe cinco pancadas”, explica o chefe Pedro.
Todos eles querem ser bombeiros, mas essa vontade mantém-se até aos 17 anos? O adjunto do comando dos voluntários de Oliveira do Hospital, Paulo Rocha, 51 anos, acredita que sim, "porque há miúdos que estão connosco desde o primeiro dia, quase desde nascença, e isto para nós, os mais velhos, é um orgulho, porque não nos deixaram até hoje. É importante porque os bombeiros estão sempre a precisar de renovação:"
O jovem André Brito sabe que vai ser bombeiro e nem os incêndios de outubro o desmotivaram dessa ideia. “Como toda a gente, sofri, mas eu quero seguir a carreira de bombeiro”, assegura.
Matilde Garcia já veste a farda e a coragem. Explica a rzão: “Porque gosto de ajudar as pessoas." Por sua vez, a mãe da menina, Gorete Garcia, elogia-a e diz sentir “um orgulho" pelo facto de a filha "se motivar em prol dos outros”.
A Escolinha de Bombeiros de Oliveira do Hospital prepara a Ordem Unida, com apresentação dos machados, para a cerimónia do dia 4 de agosto. Vão receber o Presidente da República e até já têm um pedido para lhe fazer. “Que ele nos convide para ir a Belém,. Nós todos, queremos ir visitá-lo.”
Seriedade e disciplina. Nem nas férias têm férias. Em Oliveira do Hospital, localidade onde se registou mais vítimas mortais nos incêndios de outubro, a Escolinha dos Bombeiros, tem sempre uma lição a dar às crianças e jovens que frequentam a escola, mas a mais importante é o seu lema: Vida por Vida.