Daniel Adirão, o militante socialista que se candidata às eleições diretas do partido, insiste com António Costa para a realização de um debate entre os dois.
“Lanço-te o desafio de, nos próximos dias, até dia 18, encontrares na tua agenda, uma dia e hora, para na tua condição de militante candidato a secretário-geral debateres com este outro militante candidato a secretário-geral, em pé de igualdade, como mandam as regras e as boas práticas democráticas, socialistas e republicanas”, escreve Daniel Adrião numa carta aberta a António Costa.
Nesta carta, o candidato socialista lembra que o seu mandatário já tinha enviado uma carta ao mandatário de António Costa, a propor a realização de um debate no âmbito da eleição para secretário-geral do PS. Como a resposta foi negativa, com o mandatário de Costa a alegar indisponibilidade de agenda, Adrião insiste
“Quem se propõe para um cargo como o de secretário-geral tem de ter, obrigatoriamente, tempo para o partido e para os seus militantes”, escreve Daniel Adrião, acrescentando: “Seria intelectualmente mais honesto, que fosse invocada a verdadeira razão desta sistemática recusa: o facto de considerares que não tenho estatuto para debater contigo.”
Daniel Adrião defende uma separação entre as funções de secretário-geral e de primeiro-ministro, não podendo a mesma pessoa acumular as duas e, por isso, também recusa que António Costa se escude nas altas funções que desempenha para não debater.
“É justamente essa confusão entre primeiro-ministro e secretário-geral que me leva a defender na moção de estratégia Democracia Plena, que apresento ao XXIII Congresso Nacional, a não acumulação dessas funções. Não apenas porque elas resultam sempre em sacrifício do partido, porque as funções do Estado têm necessariamente prioridade, mas também porque geram uma promiscuidade entre o aparelho do Estado e o aparelho partidário, que não é saudável para o regime democrático”, escreve o militante socialista, que se queixa da “enorme desigualdade” das eleições diretas no PS.
“Nesta eleição o que está em causa é a disputa do cargo de secretário-geral e, nesse sentido, seria uma atitude de humildade democrática, que só te enobreceria, se despisses, por uma vez, as vestes de primeiro-ministro e aceitasses realizar um debate franco e leal, com um teu camarada de partido, que em circunstâncias muito difíceis e de enorme desigualdade, se dispôs a contribuir para que a pluralidade e a dialética democráticas, que estão no ADN do Partido Socialista, não se apaguem durante a vigência da tua liderança”, acrescenta Daniel Adrião.
As eleições diretas do PS decorrem de forma presencial no próximo fim-de-semana. No dia 11 os militantes que preferiam participar de forma digital já tiveram oportunidade de votar. O congresso do PS está marcado para os dias 10 e 11 de julho.