Costa recusa que passes mais baratos sejam eleitoralismo. "Não podemos parar o país"
01-04-2019 - 10:54
 • Renascença com Lusa

Primeiro-ministro garante que medida não tem sido contestada pelos autarcas porque sabem "que chega a todo o país".

Veja também:


O primeiro-ministro viajou esta segunda-feira entre a Ericeira e Setúbal utilizando os transportes públicos, no dia em que entra em vigor o passe único da Área Metropolitana de Lisboa, e salientou que "o país não pode parar por haver três eleições".

António Costa começou a viagem às 7h30, na Ericeira, concelho de Mafra, e apanhou o autocarro com o presidente da Câmara, o social-democrata Hélder Silva, até ao Campo Grande, partindo depois de metro até à estação de Entrecampos.

Daí, já com os ministros do Ambiente e Infraestruturas, Matos Fernandes e Pedro Nuno Santos, e o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, a comitiva seguiu de comboio até Setúbal. António Costa foi dando conta da sua viagem na rede social Twitter, tendo anunciado que chegou a Setúbal às 10h41. De Ericeira a Setúbal, vai uma distância de cerca de 85 quilómetros.


Questionado sobre as críticas de eleitoralismo feitas pela oposição em relação à medida, António Costa salientou que "esta foi uma semente lançada há muito tempo", e que arrancou em março do ano passado numa cimeira entre o Governo e as Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto.

"Agora não faz sentido é parar o país porque vamos três eleições, porque senão o país não fazia mais nada este ano", defendeu.

Na mesma linha, também o social democrata Hélder Silva., presidente da Câmara de Mafra, rejeita as críticas de eleitoralismo. "Eu acho que quem tem razão é o povo. O povo, quando pede de facto um passe único numa área metropolitana, é isso que hoje o Governo, juntamente com a área Metropolitana de Lisboa, lhes vai dar", diz à Renascença, acrescentando que quem faz o trajeto Ericeira-Setúbal, com os novos passes, vai poupar 140 euros por mês.

O primeiro-ministro salientou que, depois das complexas negociações com os 19 operadores, um segundo momento decisivo foi a aprovação, no último Orçamento do Estado, da verba necessária para concretizar esta medida.

"A oposição, na altura, votou contra, está no seu direito, não podem agora que perceberam que a medida é boa dizer que é eleitoralista", criticou.

O primeiro-ministro fez questão de distinguir as críticas dos partidos do que tem ouvido dos autarcas.

"Dos autarcas não tenho ouvido muitas críticas, porque sabem que chega a todo o país", afirmou, insistindo que a medida chegará a todas as Comunidades Intermunicipais, na maioria das quais em maio.

"Os autarcas sabem aquilo que os políticos nacionais não sabem: a medida é para todo o país e chega a todo o país", reforçou.

Trabalho notável

Quanto ao passe único na Área Metropolitana de Lisboa, Costa classificou-o como "um trabalho notável feito entre os autarcas e o Governo".

"Permitiu não só uma redução muito significativa do custo tarifário, mas também fazer uma coisa com que há décadas se sonhava: um único passe que dê para toda a Área Metropolitana e para todos os operadores, seja de autocarro, comboio, barco ou elétrico. Tem a vantagem absolutamente extraordinária de cada um ter a liberdade de escolher os seus trajetos", defendeu.

O primeiro-ministro participa em seguida numa cerimónia na Câmara de Setúbal.

A partir desta segunda-feira o novo passe Navegante Metropolitano custa no máximo 40 euros mensais por utente e permite viajar em todos os operadores de transportes públicos na Área Metropolitana de Lisboa (AML).

São também criados 18 passes Navegante Municipal, um para cada dos 18 concelhos que integram a AML e, neste caso, permite apenas viajar no concelho para o qual foi adquirido por 30 euros.

As crianças até ao mês em que completam os 13 anos podem viajar gratuitamente em toda a AML com o cartão Lisboa Viva (no qual se carrega o passe) e são mantidos os atuais descontos para estudantes, reformados, pensionistas e carenciados, tendo como referência os novos preços.