O administrador executivo da Fundação Gulbenkian nasceu fora da Arménia, mas a sua vida é inseparável da terra dos antepassados.
Em entrevista à Renascença, Martin Essayan, bisneto de Calouste Gulbenkian, olha com expectativa para a visita do Papa Francisco à Arménia. Garante que Francisco é muito estimado pelo povo arménio e espera que a Turquia venha a reconhecer os seus actos do passado, referindo-se ao massacre de milhões de arménios na segunda década do século XX. A Turquia nega que se tenha tratado de um genocídio e disputa os números reconhecidos por cada vez mais países da comunidade internacional.
Qual é a importância da visita do Papa à Arménia?
Esta viagem é muito importante. Primeiro, pelo reconhecimento da importância dos católicos arménios que, apesar de serem poucos – menos de 1%, uma vez que a maioria dos cristãos pertence à Igreja Apostólica Arménia – são uma parte muito importante da comunidade arménia e, historicamente, tiveram um papel notável na promoção da cultura arménia.
Em segundo lugar, porque a visita acontece depois de o Papa ter corajosamente reconhecido o genocídio arménio, o ano passado, durante o centenário. Tudo isso teve um enorme impacto junto dos arménios e gerou muita gratidão e respeito para com ele. Por isso, esta visita será um grande acontecimento.
Como vê as reacções internacionais em torno deste massacre?
Nos últimos 50 anos tem vindo a crescer e cada vez mais povos o reconhecem, mas é um lento processo. Penso que o havemos de conseguir.
Porque é que os arménios foram um problema para a Turquia?
Isso envolve muita História, é uma questão bastante complexa…
É que a Turquia continua hoje a negar os acontecimentos, até do ponto de vista diplomático…
É um ponto muito sensível, por muitas e variadas razões. Penso que nenhuma nação gosta de assumir actos que não deveria ter cometido. Por isso, é muito difícil para a Turquia reconhecer o que fez e devemos respeitar isso, mas um dia terão de o fazer… Esperemos por esse momento.