Papa pede o fim da "loucura cruel da guerra" no seu mais recente livro
16-10-2022 - 12:00
 • Lusa

Nas suas reflexões considerou que os conflitos são "o verdadeiro fracasso da política".

O Papa declarou que "nunca há lugar para a barbárie da guerra" e pediu à humanidade o fim da "loucura cruel da guerra" no seu mais recente livro, num excerto que o jornal italiano La Stampa antecipou este domingo.

"Peço em nome de Deus. Dez orações por um futuro de esperança" é o título da obra, na qual Francisco fez as suas reflexões sobre a guerra e considerou que os conflitos são "o verdadeiro fracasso da política".

O Papa também pediu um "basta" à produção e comércio de armas e apelou à erradicação das armas nucleares, pois a sua existência "põe em risco a sobrevivência da vida humana na Terra".

A guerra na Ucrânia, segundo o Papa, "expôs as consciências de milhões de pessoas no Ocidente à dura realidade de uma tragédia humanitária que existe há muito tempo e em vários países" e "mostrou-nos o mal do horror da guerra", mencionando ainda o resto dos conflitos no mundo.

Francisco dirigiu-se às "autoridades locais, nacionais e mundiais", das quais "dependem as iniciativas adequadas para acabar com a guerra", a quem pediu, "em nome de Deus" que também digam "basta para a produção e o comércio internacional de armas".

Também solicitou que "não manipulem informações e não enganem os seus povos para alcançar objetivos militares" porque "não há ocasião em que uma guerra possa ser considerada justa. Nunca há lugar para guerra bárbara".

"A guerra também é uma resposta ineficaz: nunca resolve os problemas que se pretende superar", declarou Francisco.

"O Iémen, a Líbia ou a Síria estão melhor do que antes dos conflitos?", questionou.

Francisco apontou o caminho para uma solução: "É necessário o diálogo, a negociação, a escuta, a habilidade diplomática e a criatividade, bem como uma política de visão de longo prazo capaz de construir um sistema de convivência que não se baseie no poder das armas ou da dissuasão".

Assegurou que "não há conflitos justos" ou "preventivos" e que é inaceitável considerar as vidas perdidas "como danos colaterais", insistindo que o mundo está a assistir a "uma terceira guerra mundial em pedaços que, no entanto, ameaça tornar-se cada vez maior até que tome a forma de um conflito global".