Covid-19. Sindicato de médicos acusa Governo de fazer propaganda com vacinação
13-03-2021 - 22:13
 • Renascença com Lusa

Jorge Roque da Cunha diz que os médicos, “em vez de estarem preocupados a tratar os seus doentes, estão a responder e a tentar justificar a propaganda do Governo”. Há "milhares" de profissionais da primeira linha que ainda não foram vacinadas.

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O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) acusou o Governo de fazer propaganda com a vacinação contra a covid-19, este sábado, e afirmou que há muitas pessoas que estão na primeira linha de combate à pandemia que não foram inoculadas.

“Não adianta e é totalmente inqualificável esta atitude de dizer que se vai vacinar os senhores professores, que, aliás, [somos] totalmente de acordo quanto a essa matéria, quando se sabe que muitas das pessoas que estão na primeira linha ainda nem sequer foram vacinadas”, disse o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha.

Jorge Roque da Cunha, que falava em declarações à Lusa após o encerramento do XIII Congresso do SIM, disse que, neste momento, só cerca de 75 a 80 % dos médicos, 20% dos elementos da PSP e GNR e cerca de 25% dos bombeiros estão vacinados.

“Não adianta, não vale a pena, não faz sentido preocupar-se unicamente com tirar a fotografia e deixar centenas, milhares desses profissionais por vacinar”, disse o dirigente sindical, reeleito para mais um mandato de três anos, com 126 votos a favor e zero brancos.

Além disso, só cerca de 10% das pessoas com mais de 80 anos têm as duas inoculações e cerca de 40% têm uma inoculação, vincou.

Jorge Roque da Cunha diz que, ao falar em alargar a vacinação aos professores, o Governo “está a criar expectativas” e a criar “uma pressão imensa junto dos serviços de saúde”. Os médicos, “em vez de estarem preocupados a tratar os seus doentes, estão a responder e a tentar justificar a propaganda do Governo”.

“Mais vale o Governo deixar de fazer propaganda em relação a esta matéria e ser verdadeiro. Não há vacinas. Só é possível vacinar estes grupos, incluindo os grupos de risco, daqui a dois, três ou quatro meses”, defendeu.

O dirigente sindical reclamou, por outro lado, um reforço de médicos, para “colmatar aqueles que saem” e para que possam libertar os médicos de família de atividades que não têm a ver com o acompanhamento dos seus doentes.

“As pessoas que não estão a ser acompanhadas por parte dos médicos de família na sua vigilância, a responsabilidade é do Ministério da Saúde. As pessoas, particularmente em Lisboa e Vale do Tejo, que não estão a ser vistas por especialidades hospitalares, feitas as suas cirurgias em unidades hospitalares, a responsabilidade é do Governo, que proibiu a atividade programada. Em vez de se preocupar em fazer demagogia, [o Governo] devia estar a tentar resolver estes problemas”, assinalou.

Jorge Roque da Cunha diz que este investimento na contratação das pessoas, tem de ser acompanhado por um investimento nas infraestruturas.

“Nós queremos é impressoras nos centros de saúde. Queremos que os dados que são identificados nos laboratórios sejam colocados no sistema. Queremos que os nossos doentes recebam os meios complementares de diagnóstico de forma digital em vez de ser em papel”, disse.

A proteção dos médicos é outra das preocupações do SIM, tendo em conta que, segundo o responsável sindical, “há locais no nosso país onde os médicos continuam a correr risco por falta de equipamentos de proteção”.

O secretário-geral do SIM voltou, também, a defender a criação de uma comissão para identificar “os erros, os atos e as omissões e a tentativa de utilização política da pandemia, particularmente numa primeira fase”.