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Os artistas, técnicos, representantes de espetáculos e outros setores da cultura manifestam-se na quarta-feira. O protesto começa às 16h00 no Marquês de Pombal, em Lisboa, segue depois para a avenida da liberdade, terminando nos Restauradores.
Vão manifestar-se contra as medidas que o Governo e as autoridades da saúde têm vindo a estabelecer para o setor da cultura e que consideram ser “discriminatórias”. Uma das medidas passa pela obrigatoriedade de testes à Covid-19 em eventos culturais com mais de 500 pessoas, em ambiente fechado, ou mais de mil, em ambiente aberto.
Em entrevista à Renascença, o presidente da Associação de Serviços e Técnicos para Eventos diz não perceber por que razão é que este setor tem regras que outros setores não têm, sobretudo quando a cultura já foi tão penalizada.
“Fica muito difícil nós conseguirmos compreender e ficarmos de braços cruzados à espera da morte das nossas empresas”, afirma Pedro Magalhães, defendendo que “os testes devem avançar, mas de uma forma igual para todos os setores, o ir ao restaurante, ao centro comercial, a um espaço público, as pessoas devem estar testadas para, dessa forma, se conseguir controlar, de uma vez por todas, a pandemia e que não seja só obrigatório ter os testes feitos para ir a um espetáculo”.
Falta de apoios e cancelamentos de espetáculos
Segundo o presidente da Associação de Serviços e Técnicos para Eventos, desde que a medida à testagem foi anunciada, sucederam-se os pedidos de cancelamentos de espetáculos.
“Os próprios municípios, que são grande parte do motor deste setor, cancelaram de imediato”, detalha.
A Associação de Serviços e Técnicos para Eventos critica a falta de apoios do Governo e pede que haja mais cidades, como a de Lisboa, com testes à Covid-19 gratuitos. Isto porque nem os promotores de espetáculos têm capacidade de suportar os custos dos testes nem os espetadores querem ter mais despesas.
E uma boa ideia para se comprovar se os eventos culturais são ou não seguros, seria perceber quantas pessoas saíram infetadas dos quatro concertos-piloto que se realizaram em Braga, Coimbra e Lisboa, entre abril e maio. Na altura, todas as empresas do setor ajudaram de forma gratuita, também a Cruz Vermelha disponibilizou milhares de testes à Covid-19 gratuitos. O problema é que a Direção Geral da Saúde não deverá conseguir divulgar conclusões porque teve um “problema técnico” na gestão dos dados.
“Foi um grande investimento que foi feito e o que acontece do lado da DGS, que tinha a única responsabilidade de recolher dados, de ficar com os dados, poder analisá-los, esqueceu-se do dado mais importante que era o número de sms por cada pessoa que foi para o espetáculo”, refere Pedro Magalhães, acrescentando que “isto é quase como ir ao médico, o médico manda-nos fazer os exames, mas ainda não temos o resultado dos exames e já nos diz que temos que ser operados”.
"Estamos perante um impasse"
O presidente da Associação de Serviços e Técnicos para Eventos critica ainda o Governo por não ter dado mais instruções, depois de anunciar que também vai ser possível entrar em eventos culturais com um certificado digital.
Críticas que os representantes do setor transmitiram há já uma semana (terça-feira) ao Presidente da República. No entanto, a prioridade não é, para já, voltar a sentarem-se à mesa, até porque o Conselho de Ministros de quinta-feira não deverá trazer boas notícias.
“Já há algumas indicações de que o próximo Conselho de Ministros não trará qualquer alteração àquilo que já está decidido, portanto, não faria sentido nós reunirmos de novo com o Presidente da República, como estava acordado”, lamenta, observando que estão perante um “impasse, porque as comunicações que foram feitas não são claras”.
“Fala-se nos certificados, mas, na verdade, pouco ou nada se sabe e ficamos todos aqui na dúvida. Nada nos está a ajudar neste momento”, conclui o presidente da Associação de Serviços e Técnicos para Eventos.
A Comissão Europeia vai apresentar esta terça-feira diretrizes para o reinício das atividades no setor cultural e criativo na União Europeia, um dos sectores mais afetados pela pandemia.