“Um país onde viver”: é com este mote que a comitiva do Bloco de Esquerda parte para as jornadas parlamentares, que decorrem entre esta segunda e terça-feira, nos distritos de Aveiro e Viseu.
Nos dois dias, os deputados do Bloco de Esquerda prometem apresentar alternativas nas áreas da educação, saúde, habitação e “qualidade da democracia”.
“Não estamos com a cabeça a pensar em eleições legislativas”, garante o líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, na antecipação destes dois dias. As últimas sondagens, feitas pela Pitagórica para a CNN Portugal, apontam para um crescimento entre 1,5 e 2,2% do Bloco de Esquerda, o que manteria a representação do partido bem abaixo daquela que tinha antes da legislativas de 2022 (19 deputados, 9,52%).
Mas não é a subida nas intenções de voto que preocupa os bloquistas, assegura Pedro Filipe Soares, que lembra que “pelo calendário normal”- leia-se se não for dissolvida a Assembleia da República- , a próxima ida às urnas (legislativas) é só em 2026.
O líder da bancada do Bloco afasta que a escolha do local se prenda com os históricos bons resultados que o partido costuma ter nestes distritos. Aveiro e Viseu são antes um exemplo que pode ser extrapolado para todo o territórios. “Há temáticas que são olhadas como um todo para o país”, aponta Pedro Filipe Soares, que elenca os problemas da habitação, e nos serviços públicos para sustentar o argumento.
Espinho com mira na corrupção
Ao osso, os bloquistas começam esta segunda-feira de manhã com uma ação em Espinho, que nos últimos meses tem estado no espaço púlico por causa da Operação Vórtex, que colheu um autarca do PS e um deputado do PSD, Joaquim Pinto Moreira (ex-autarca), que, entretanto, saiu do Parlamento.
“Tem estado nas notícias públicas pelos piores motivos pelo escândalo na gestão da Câmara Municipal de Espinho”, sublinha o bloquista, que promete “responder às questões na ética na democracia” através de uma iniciativa legislativa sobre a matéria.
Colagem aos professores
O segundo dia arranca em Viseu, no mesmo dia e lugar em que a FENPROF vai tentar paralisar as escolas com a greve distrital. Pedro Filipe Soares defende-se: “Nós marcámos as jornadas há quinze dias, não estou certo que houvesse já esse calendário”. Por outras palavras, a coincidência foi só mesmo isso: uma coincidência.
Os bloquistas asseguram que não marcaram o local de forma intencional para coincidir, mas a ocasião faz o ladrão. Por isso, na terça-feira vão estar com professores. Mas a probabilidade de coincidir com um protesto não era assim tão baixa, diz Pedro Filipe Soares: “Há diversas visitas que vamos fazer que estão associadas a setores em luta: na área da educação, saúde, justiça”, introduz.
“Isto mostra muito do descontentamento que existe no país com a governação e muitos dos profissionais que constroem o Estado, também têm”, profere o líder parlamentar do Bloco de Esquerda.